Jaime León.
Islamabad, 23 jul (EFE).- O ex-jogador de críquete Imran Khan e o pragmático Shahbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, aparecem como os principais candidatos nas eleições gerais desta quarta-feira no Paquistão, em meio a denúncias de interferências por parte do Exército.
Bilawal Bhutto, filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007, está à frente do Partido Popular do Paquistão (PPP), terceiro melhor colocado nas pesquisas, e pode ter um papel decisivo na formação de um governo de coalizão.
Poucos dias antes de 105 milhões de paquistaneses votarem em 85 mil colégios eleitorais, as pesquisas se dividem entre uma vitória de Khan ou de Sharif.
Educado em Oxford, campeão do mundo de críquete em 1992 com a seleção paquistanesa e 'playboy' nos anos 80 no Reino Unido, Khan está mais perto do que nunca de ocupar o posto de primeiro-ministro, após iniciar sua carreira política em 1996 e ganhar espaço no Parlamento com o partido Pakistan Tehrik-e-Insaf (PTI).
O ex-atleta, de 65 anos, é popular entre os jovens das áreas urbanas com um discurso apoiado na direita, focado na luta contra a corrupção e contra as elites tradicionais.
Afastado de sua antiga imagem, Khan se aproximou de setores religiosos, o que lhe valeu o apelido de "talibã Khan", e também foi acusado de ser populista.
Durante anos, seus oponentes políticos não o levaram a sério. Porém, durante a última legislatura, ele protagonizou contínuos protestos contra o governo da Liga Muçulmana do Paquistão (PML-n), de Nawaz.
O partido de Khan ficou com 34 cadeiras nas eleições de 2013, tornando-se assim a terceira maior força política do país, e agora promete um "novo Paquistão".
Por sua vez, Shahbaz substitui seu irmão Nawaz à frente da Liga Muçulmana do Paquistão, após a inabilitação do mesmo pelo Supremo Tribunal quando era primeiro-ministro, por não declarar um salário que já não recebia.
Com Nawaz cumprindo uma sentença de dez anos de prisão devido ao caso de corrupção, Shahbaz apareceu na política nacional após ter governado nos últimos dez anos a província de Punjab, a maior do país, com metade dos 205 milhões de paquistaneses.
Com um estilo tranquilo, fama de pragmático e bom administrador, aos 66 anos, embora careça do mesmo carisma de seu irmão mais velho.
Nas últimas eleições de 2013, o PML-n obteve a maioria absoluta no Parlamento, com 178 cadeiras de 274 em disputa.
Aos 29 anos, Bilawal Bhutto tenta recuperar o antigo brilho do partido que era liderado por sua mãe Benazir, assassinada em um atentado em 2007 quando fazia campanha eleitoral, e que foi primeira-ministra por dois mandatos nos anos 90.
Educado em Oxford, o jovem político lidera pela primeira vez o PPP nas eleições gerais e tem poucas chances de vencer, depois de sua legenda ter governado entre 2008 e 2013.
Sobre ele paira a imagem de seu pai, Asif Ali Zardari, presidente do país no último governo liderado por seu partido e que conta com uma reputação de corrupto que o torna impopular.
O jovem candidato abraçou o legado político de sua mãe com um programa focado em realizar os "sonhos" de Benazir.
O Partido Popular do Paquistão tem a segunda maior bancada na atual composição do Parlamento, poor ter conseguido 46 cadeiras em 2013.
Outro protagonista é o poderoso Exército paquistanês, acusado por grupos de direitos humanos e partidos políticos de interferir nestas eleições a favor de Khan. A PML-n, por exemplo, denunciou pressões para que alguns de seus candidatos deixassem o partido.
O Exército - que governou o país durante metade da sua história e deu três golpes de Estado - negou interferir no processo eleitoral e afirmou que só trabalha para a realização segura das eleições.
Este pleito é o segundo da história do país no qual um governo completa um mandato - o PPP conseguiu a façanha após chegar ao poder em 2013.