Por Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A secretária do Interior do Reino Unido, Theresa May, favorita das casas de aposta para substituir o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse nesta quinta-feira que o referendo que provocou a desfiliação britânica da União Europeia não tem volta, mas que as conversas sobre a separação não começarão antes do final deste ano.
Ao lançar sua candidatura a premiê, Theresa afirmou que não vai haver uma segunda votação sobre a permanência na UE, nem tampouco uma tentativa de refiliação, e também descartou quaisquer aumentos de impostos de imediato.
"O Brexit (saída da UE) significa Brexit", disse a ministra de 59 anos, que apoiou a campanha do "fica" antes do referendo da semana passada, mas sem alarde.
"A campanha foi disputada, a votação foi realizada, o comparecimento foi alto e o público deu seu veredicto", disse. "Não deve haver tentativas de continuar na UE, tentativas de se refiliar pela porta dos fundos nem um segundo referendo".
Enquanto o Reino Unido ainda se recupera da decisão de deixar o bloco, aumenta a especulação segundo a qual quem quer que substitua Cameron pode tentar encontrar uma maneira de manter o país na união, que compra quase metade das exportações britânicas.
As casas de aposta estão depositando suas fichas em Theresa, ainda mais favorita para suceder Cameron depois que o ex-prefeito de Londres e um dos líderes do campo do "sai" Boris Johnson anunciou nesta quinta que não vai concorrer ao cargo.
Pesquisas de opinião indicam que a secretária também é a escolhida de membros do governista Partido Conservador que tomarão a decisão final assim que os parlamentares tiverem limitado a corrida a dois candidatos.
Theresa disse que não deveria haver nenhuma eleição nacional antes de 2020, a data marcada para o fim do mandato do Parlamento atual, porque isso aumentaria a instabilidade causada pela saída da UE, e também rejeitou um orçamento de emergência, proposta feita antes do referendo pelo ministro britânico das Finanças, George Osborne.
Ela também disse que não se deveria tomar decisão nenhuma sobre a invocação do Artigo 50, o processo formal de rompimento com o bloco, até o Reino Unido ter uma estratégia de negociação clara.
"(Isto) significa que o Artigo 50 não deveria ser invocado antes do final deste ano", afirmou.