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Fiador da estabilidade e defensor das reformas, Maia é reeleito para comandar a Câmara

Publicado 01.02.2019, 22:59
Atualizado 01.02.2019, 23:00
© Reuters. .

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) demonstrou habilidade política para se eleger com facilidade pela terceira vez presidente da Câmara dos Deputados, sob a promessa de atuar pela estabilidade política e pelas reformas prioritárias caras ao governo de Jair Bolsonaro.

Maia, que concorria com outros seis candidatos, conseguiu vencer a corrida pelo comando da Câmara, nesta sexta-feira, já no primeiro turno, e sai da disputa com considerável força política.

O parlamentar conquistou 334 votos, uma enorme vantagem sobre o segundo colocado, Fábio Ramalho (MDB-MG), que teve 66 votos, e mesmo sobre os 257 votos necessários para carimbar a reeleição no primeiro turno.

Como esperado, houve algumas infidelidades entre os partidos que compunham os dois blocos de apoio com mais de 400 deputados. Ainda assim, o resultado garantiu uma expressiva margem de votos que podem ajudá-lo na condução dos trabalhos da Câmara. Maia foi o único candidato a concorrer por indicação de seu bloco, os outros seis nomes entraram na eleição de maneira avulsa.

No Twitter, Bolsonaro parabenizou Maia pela vitória, e lembrou a importância que o cargo tem.

"Parabenizo o deputado Rodrigo Maia pelo resultado obtido na eleição da presidência da Câmara, fato que caracteriza o respeito à democracia e a independência dos Poderes. Este cargo é de extrema responsabilidade para conduzir a votação dos projetos que o brasileiro tanto almeja", disse Bolsonaro nas redes sociais.

A deputada federal mais votada em outubro, Joice Hasselmann (SP), do PSL do presidente, ressaltou a convergência entre Maia e os aliados de Bolsonaro.

"Ninguém está aqui trocando juras de amor e nem de ideologia. A gente está pautado em uma agenda econômica e o Maia está conosco nessa agenda para aprovar a reforma da Previdência", disse.

Mais cedo, antes da eleição, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão já havia dito que a reeleição de Maia seria boa para o governo --a candidatura, aliás, contou com o apoio do PSL de Bolsonaro-- e lembrou do compromisso do deputado com as reformas.

DIÁLOGO E MODERNIZAÇÃO

De perfil liberal, Maia tem sido ao longo dos anos um defensor das reformas e não deixou de tocar no assunto no discurso a deputados pouco antes da votação.

O parlamentar afirmou que as reformas não são “simples”, mas “necessárias” e relatou ter visitado “quase todos” os Estados do país e ter ouvido queixas de governantes, de todas as vertentes partidárias, sobre a fragilidade das contas públicas.

Opção mais moderada do que os aliados do governo Bolsonaro, para parte da esquerda, e fiador de uma desejada estabilidade, o democrata também aproveitou para bater novamente na tecla da abertura ao diálogo, apesar das críticas de Ramalho, que o acusou de manter “portas fechadas” aos deputados.

"A presidência da Câmara precisa de um presidente que tenha experiência, que tenha equilíbrio, mas principalmente que garanta o diálogo”, disse o deputado.

Foi com essa tese que Maia angariou em torno de si forças potencialmente rivais: do PSL de Jair Bolsonaro ao PCdoB.

Depois de eleito, visivelmente emocionado --chegou a chorar quando mencionou o pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia-- o deputado agradeceu os demais candidatos, elogiou o que considerou “uma aliança partidária muito bonita”, e prometeu atenção a todas as correntes políticas.

“Teremos muitos desafios... A Câmara que é a Casa do povo, vou repetir essa palavra mais uma vez, ela precisa de modernização, modernização, modernização”, discursou o presidente reeleito da Casa.

“Precisamos comandar as reformas de forma pactuada junto com todos os governadores e prefeitos de todos os partidos políticos.”

SANTINHOS

A volta dos trabalhos na Câmara nesta sexta-feira começou animada, com grande circulação de pessoas e clima de campanha na Casa, o que incluiu a distribuição dos chamados “santinhos”, banners e cartazes, além de “corredores poloneses” de militantes de pelo menos dois candidatos.

A sessão para a votação da presidência começou pouco depois das 18h com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), que já deixa um saldo de 115 mortos e 248 pessoas ainda desaparecidas.

Os sete candidatos discursaram, e pouco depois das 20h começou a votação, secreta.

© Reuters. .

Os dois blocos que apoiaram a eleição de Maia somaram mais de 20 partidos. Um governista formado pelo PSL, PP, PSD, MDB, PR, PRB, DEM, PSDB, PTB, PSC e PMN, com 301 deputados; e outro que conta com PDT, Podemos, SD, PCdoB, Patriota, PPS, Pros, Avante, PV e DC, com 105 integrantes.

O segundo colocado, Ramalho, teve 66 votos, Marcelo Freixo (PSOL-RJ), de oposição ao governo Bolsonaro, foi o terceiro mais votado, com 50 votos, enquanto JHC (PSB-AL) teve 30 votos e Marcelo Van Hattem (Novo) recebeu 23. Ricardo Barros (PP-PR) e General Peternelli (PSL-SP) somaram apenas 4 e 2 votos respectivamente.

Na votação, os deputados escolheram não só o próximo presidente, mas também dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes.

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