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Filhos e enteados de Jucá são alvos de operação da PF contra desvio de verbas

Publicado 28.09.2017, 16:46
© Reuters. Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), durante coletiva de imprensa, em Brasília

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Filhos e enteados do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foram alvo nesta quinta-feira de uma operação da Polícia Federal que investiga desvio de 32 milhões de reais em verbas públicas na aquisição de parte de uma fazenda para e construção de moradias do Minha Casa Minha Vida em Boa Vista, capital de Roraima, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

Sem citar os nomes dos investigados, a Polícia Federal informou que foram cumpridos 17 mandados judiciais, sendo nove mandados de busca e apreensão e oito mandados de condução coercitiva, em Boa Vista, Brasília e Belo Horizonte, como parte da chamada operação Anel de Giges.

"Os investigados estão sendo conduzidos coercitivamente à Polícia Federal, interrogados e indiciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa que preveem penas de até 30 anos de reclusão. As investigações continuam, com análise do material apreendido e apuração do envolvimento de outros integrantes nas práticas criminosas", informou a PF em comunicado.

O delegado da PF em Roraima responsável pela investigação, Alan Ramos, afirmou que estão sendo investigados os proprietários da Fazenda Recreio e os responsáveis pela construtora que fez a obra do Minha Casa Minha Vida. Além deles, o superintendente da Caixa Econômica Federal em Roraima também foi levado para prestar depoimento sobre a liberação de recursos para o empreendimento.

Segundo uma fonte com conhecimento da operação, os filhos e enteados de Jucá estão entre os alvos das investigações. Reportagem da revista IstoÉ do ano passado afirmou que a Fazenda Recreio era de propriedade da família de Jucá.

"São quatro proprietários do terreno que venderam o terreno de forma superfaturada. O valor de mercado era aproximadamente de 3,5 milhões de reais, mas o terreno foi vendido por 4,5 milhões", afirmou o delegado em entrevista coletiva em Roraima.

"Outros 31 milhões foram desviados na construção. Uma parte da perícia aponta principalmente desvios na questão do concreto, que é a maior parte da obra", acrescentou, citando que o valor total do projeto foi de 185 milhões de reais.

O líder do governo no Senado repudiou, em nota oficial, o que chamou de "mais um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos", desta vez contra sua família.

Segundo Jucá, o episódio poderia ter sido evitado. "Bastava às autoridades pedirem os documentos anexados que comprovam que não há nenhum crime cometido", disse o senador, acrescentando que irá divulgar todos os documentos que "demonstrarão a inépcia da operação de hoje".

De acordo com o delegado da PF, até o momento a investigação não envolve nenhum político, mas as apurações continuarão a partir dos mandados judiciais cumpridos nesta quinta-feira e, caso surja suspeita envolvendo algum político com prerrogativa de foro, será dado o devido encaminhamento junto a tribunais superiores.

© Reuters. Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), durante coletiva de imprensa, em Brasília

"Há um trabalho policial em cada operação de analisar o que foi apreendido. Se houver vínculo de quaisquer outras pessoas, será encaminhado e será dado o encaminhamento correto", afirmou.

(Reportagem adicional de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Eduardo Simões, em São Paulo)

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