Por Claude Canellas e Sophie Louet e Brian Love
BORDEAUX E PARIS (Reuters) - Atual líder da corrida presidencial francesa, François Fillon disse nesta quarta-feira que ficou revoltado com uma reportagem segundo a qual sua esposa foi paga por trabalhos que não realizou, descrevendo-a como prova de uma campanha de "baixaria" contra ele.
Conforme o semanário satírico Le Canard Enchainé, Pénélope Fillon recebeu 600 mil euros para atuar como assistente parlamentar do marido e, depois, de seu sucessor na Assembleia Nacional, bem como por um trabalho para um jornal cultural, mas não havia indícios de que ela chegou mesmo a trabalhar.
Não é ilegal parlamentares franceses empregarem familiares em seus gabinetes, mas a alegação de que sua esposa de origem britânica foi remunerada por trabalhos não realizados – uma acusação à qual Fillon não respondeu diretamente – poderia prejudicar sua campanha à medida que a disputa presidencial se acirra.
"Estou indignado com o desprezo e a misoginia deste artigo", disse Fillon, ex-primeiro-ministro conservador que concorre pelo partido Os Republicanos à eleição de dois turnos, o primeiro em 23 de abril e o segundo em 7 de maio, aos jornalistas na cidade de Bordeaux.
"Vejo que a temporada de baixaria começou", afirmou o político de 62 anos.
Embora seja o favorito a vencer a eleição, Fillon terá um desafio duro diante da líder de extrema direita Marine Le Pen e, possivelmente, do centrista independente Emmanuel Macron.
Mais cedo nesta quarta-feira, Bruno Le Roux, o ministro do Interior socialista, disse que a alegação é séria e que exige uma explicação de Fillon. Já o ex-premiê e também socialista Manuel Valls, que espera ser o candidato de seu partido, pediu explicações de Fillon sobre o assunto.