ROMA (Reuters) - A Itália deveria ter um "plano B" para deixar a zona do euro se as condições econômicas o exigissem, disse o fundador do Movimento 5 Estrelas, agitando os mercados financeiros.
O fundador do movimento anti-establishment, Beppe Grillo, não ocupa nenhum cargo na coalizão onde o 5 Estrelas governa com a Liga. Mas suas observações podem alimentar novas dúvidas sobre a intenção da Itália de manter a moeda única.
"Você deve ter um plano B", disse Grillo em entrevista na sexta-feira à Gzero Media, subsidiária da empresa de análise de risco Eurasia Group.
Ele acrescentou que o país não havia elaborado qualquer plano de contingência ainda, e os italianos deveriam votar em um referendo para ver se a maioria queria deixar a moeda.
O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, e o ministro da Economia, Giovanni Tria, disseram que o governo não tem intenção de tirar a Itália do euro.
No entanto, as ações italianas eliminaram os ganhos nesta sexta-feira e os rendimentos dos bônus de dois anos atingiram brevemente uma alta de duas semanas. Operadores citaram os comentários de Grillo, que ecoaram a controversa posição do ministro italiano para Assuntos Europeus, Paolo Savona.
"Tenho certeza de que a Alemanha e a França têm seu plano B", disse Grillo, citando as duas maiores economias da zona do euro. "Não estou dizendo que devemos sair do euro sem discussão, mas devemos deixar o povo italiano decidir com um referendo."
Savona foi forçado a renunciar ao posto de ministro das Finanças por causa de suas declarações sobre a necessidade de tal plano de contingência.
Grillo continua influente, mas desempenha um papel pequeno na gestão do dia a dia do Movimento 5 Estrelas.
(Por Francesco Guarascio)