Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro terá que fazer duas reformas da Previdência, uma do modelo atual e outra para implantar um novo regime, caso nada seja aprovado para alterar o sistema previdenciário ainda este ano, disse nesta quinta-feira uma fonte da equipe de transição.
Segundo a fonte, um novo projeto de reforma terá que ser apresentado ao Congresso com as duas mudanças, e separar a assistência social da Previdência será a primeira providência a ser tomada pelo futuro governo.
Nos últimos dias, dada a dificuldade na relação com o Congresso, o governo eleito já admite que não conseguirá aprovar nada da reforma da Previdência apresentada pelo governo de Michel Temer.
"Ficam para nós agora dois encargos, fazer a reforma do antigo e lançar a nova Previdência. Se não vai aprovar nem a parte constitucional, nem a infraconstitucional, nós vamos ter que fazer tudo", disse a fonte. "Agora talvez seja uma só, tudo junto, vamos ver."
Na segunda-feira, tanto o presidente eleito, Jair Bolsonaro, quanto o ministro coordenador da transição, Onyx Lorenzoni, admitiram que não se votará nada da Previdência. Nem mesmo a legislação infraconstitucional que, por não mudar a Constituição, não precisaria que se levantasse a intervenção federal no Rio de Janeiro e, além disso, exige menos votos para aprovação.
A equipe do novo presidente imaginava aprovar idade mínima e outras mudanças no regime atual este ano, como aumento da contribuição de servidores públicos. A partir dessa base, o novo governo investiria em mudanças de longo prazo, como a mudança do sistema de repartição para o regime de capitalização.
SOCIAL
Uma das primeiras alterações para o futuro, segundo a fonte, será a separação do sistema de assistência social do sistema de Previdência. "Isso é absoluto, tem que ter", disse a fonte, acrescentando que esta é uma das "seis bombas" que precisam ser desarmadas na Previdência.
Hoje, benefícios como aposentadoria rural -em que o aposentado não precisa comprovar anos de contribuição para receber- e o Benefício de Prestação Continuada, pago a pessoas com deficiência, são computados dentro da conta da Previdência. O novo governo prevê a separação disso, para deixar claro que são benefícios bancados pelo Tesouro e ter uma noção real do tamanho do rombo da Previdência.
As outras "bombas", segundo a fonte, incluem a demográfica, com uma população ficando mais velha e menos gente contribuindo, o modelo de participação, mudando o atual modelo de repartição para o de capitalização, a ineficiência do investimento e o modelo de financiamento.
"O atual modelo é uma máquina de destruição em massa de empregos, com todos esses encargos na folha um emprego custa o dobro do que paga em salário", disse a fonte.