Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois de dias tumultuados na relação com o Congresso, o Palácio do Planalto escalou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, para, com a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), iniciar uma ofensiva para conversar com líderes partidários, tentar acalmar os ânimos e salvar o governo de derrotas em plenário.
De acordo com uma fonte palaciana, Onyx deixou a reunião ministerial, na tarde desta terça, para se juntar a Joice na liderança do Governo no Congresso e começar a ouvir as reivindicações dos líderes partidários. A própria líder do governo confirmou a série de encontros.
"A gente está conversando. Hoje há uma rodada de reuniões com líderes dos partidos lá na liderança. Eu e o ministro Onyx, a gente vai reunir uma série de parlamentares. E só tem um jeito de desarmar bombas: é no diálogo. Não tem outra forma", disse Joice ao deixar o Planalto depois de uma audiência em que levou um grupo de empresários para conversar com o presidente Jair Bolsonaro.
Uma das bombas a que se refere a parlamentar é a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna o Orçamento mais impositivo ainda, que pode entrar em pauta nos próximos dias. A aprovação tiraria do Executivo a possibilidade de redirecionar recursos depois de o Orçamento ser aprovado pelo Congresso.
"A gente entende que há insatisfações pontuais, em alguns casos por ansiedade de alguns parlamentares e de alguns partidos, em se sentirem parte do governo. Nós entendemos isso e queremos que tais partidos que querem estar no governo estejam conosco, sem dúvida alguma", disse a parlamentar. "O que está faltando é só a gente ajustar o tom do violino para que a música saia mais bonita."
Durante a tarde desta terça, Onyx e Joice irão conversar, segundo a líder, com oito partidos. Entre eles, MDB, PRB, PP e PSD.
As reclamações no Congresso pela falta de articulação do governo vem se avolumando e chegaram ao ápice na última semana, em que, atacado por partidários de Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), avisou que não iria mais fazer parte da articulação da reforma da Previdência. Nas redes sociais, Maia foi defendido por parlamentares de vários partidos.
Nesta terça, líderes de siglas que tradicionalmente defendem a reformar assinaram uma nota afirmando que não irão votar as propostas de modificação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria rural que constam da reforma. Apesar das estimativas otimistas do Planalto, de que a reforma já teria hoje cerca de 250 votos, líderes no Congresso apontam que hoje a proposta não chega a 100 votos.