Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Avaliada como “traumática” pelo Palácio do Planalto, a saída do senador Romero Jucá do Ministério do Planejamento –mesmo vista como irreversível– não será tratada como definitiva e nem terá um substituto escolhido tão rapidamente, disse à Reuters uma fonte palaciana.
O senador ainda tem esperanças de poder voltar ao cargo, daí sua iniciativa de consultar a Procuradoria-Geral da República (PGR), explicou a fonte. Essa é uma das razões, apesar de considerar que essa possibilidade é extremamente difícil, pelas quais o presidente Michel Temer não pretende escolher um substituto tão rapidamente.
“A saída foi muito traumática. Não se perdeu apenas um ministro, mas um articulador político, um dos fiéis das propostas econômicas. Não dá para queimar o ministro”, disse a fonte.
Jucá deixou o cargo de ministro do Planejamento na segunda-feira até que o Ministério Público se manifeste sobre uma conversa divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo em que ele teria sugerido um pacto para tentar paralisar a Lava Jato, na primeira grande crise em menos de duas semanas de governo Temer.
É preciso, na avaliação dos auxiliares mais próximos do presidente interino, “esperar a poeira baixar” antes de anunciar uma mudança definitiva para não expor Jucá, de quem o governo de Temer dependerá para articular não apenas a aprovação das várias medidas econômicas duras apresentadas nesta terça-feira, como a própria votação final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
Apesar das especulações, nomes para o cargo ainda não estão cogitados e nem será uma escolha fácil. A avaliação é que o governo poderá encontrar alguém bom de planejamento e gestão ou algum bom articulador político, mas não as duas coisas ao mesmo tempo, como Jucá.
O senador, que já é alvo de inquérito na Lava Jato, resistiu a deixar o cargo. Avaliava que conseguiria explicar as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No entanto, depois da divulgação dos áudios na íntegra pelo jornal, a avaliação no Planalto foi de que a situação ficaria insustentável, disse a fonte.
Temer, convenceu Jucá de que o governo não teria condições de aguentar o bombardeio que viria nas próximas semanas se ele continuasse no governo.
Jucá, no entanto, ainda avalia que pode voltar ao cargo, caso a PGR --que será consultada pelo ex-ministro-- avalie que não houve crime. No entanto, disse a fonte, os auxiliares mais próximos do presidente interino avaliam que ou a PGR não responderá a tempo ou não será a resposta esperada por Jucá. E, mesmo que seja, segundo a fonte, o estrago já está feito.