Por Guy Faulconbridge
LONDRES (Reuters) - O grupo britânico oficial da campanha para o Brexit, Vote Leave, foi multado em 61 mil libras, nesta terça-feira, por violar regras de gastos no referendo de 2016 sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, e o caso foi encaminhado à polícia pela Comissão Eleitoral.
A medida da comissão, que disse que violações sérias da lei foram cometidas pelo Vote Leave, se somou a pedidos de oponentes do Brexit para que o referendo seja realizado novamente, embora a primeira-ministra britânica, Theresa May, tenha descartado repetidamente a possibilidade de outra votação.
Nesta terça-feira, um porta-voz da premiê afirmou que o referendo foi um exercício democrático legítimo.
"Estamos muito certos de que esse foi um exercício democrático legítimo, no qual o público apresentou sua opinião e é isso que nós vamos cumprir", disse o porta-voz.
Dois anos depois de escolher deixar o bloco por 52 por cento contra 48, o Reino Unido, seus líderes políticos e empresariais permanecem profundamente divididos sobre os planos do país para sair da União Europeia no dia 29 de março de 2019.
A comissão disse que o grupo Vote Leave, liderado por importantes figuras como o ex-ministro de Relações Exteriores Boris Johnson e o ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, usou um grupo aliado para pagar a companhia Aggregate IQ, que usou dados de redes sociais para atingir eleitores, excedendo o limite de gastos.
"Encontramos evidências substanciais de que os dois grupos trabalhavam em um plano comum, não declararam seu trabalho conjunto e não aderiram ao limites legais de gastos", disse Bob Posner, diretor de finanças e regulação política da comissão.
Defensores do Brexit dizem estar lutando contra uma tentativa do establishment britânico de impedir a saída da União Europeia e têm negado repetidamente acusações de opositores de que teriam trapaceado, mentido e até conspirado com a Rússia para ganhar o referendo.
O Vote Leave disse que a Comissão Eleitoral fez acusações falsas, não interrogou ninguém do grupo e não seguiu o processo devido.
"Tudo que isso sugere é que a comissão supostamente imparcial é motivada por uma agenda política ao invés de descobrir os fatos", disse porta-voz do grupo, acrescentando que a comissão "baseou suas conclusões em acusações infundadas e em teorias da conspiração".