BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro aproveitou a posse dos novos presidentes do Banco do Brasil (SA:BBAS3), BNDES e Caixa Econômica Federal, nesta segunda-feira, para elogiar o conhecimento econômico do ministro da Economia, Paulo Guedes, mas ressaltou que sabe "um pouco mais" de política do que ele.
"O desconhecimento meu ou dos senhores em muitas áreas, e a aceitação disso, é um sinal de humildade. Tenho certeza, sem qualquer demérito, que eu conheço um pouco mais de política que o Paulo Guedes e ele conhece muito, mas muito mais de economia do que eu", disse Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto, três dias depois de ter declarações econômicas suas desmentidas por auxiliares.
Na manhã de sexta-feira, o presidente disse que seria elevada a alíquota do IOF para algumas operações e que, por outro lado, a alíquota máxima do Imposto de Renda, hoje em 27,5 por cento, seria reduzida a 25 por cento, afirmando que o anúncio poderia ser feito já naquele dia por Guedes.
Naquela tarde, no entanto, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, desmentiu o aumento do IOF e mais tarde o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que Bolsonaro "se equivocou" na declaração sobre o tributo. [nL1N1Z41QW]
Também repercutiram negativamente no mercado declarações do presidente de que a idade mínima de aposentadoria na reforma da Previdência seria de 62 anos para homens e 57 anos para mulheres. Em entrevista ao SBT, Bolsonaro ressaltou que "a boa reforma é aquela que passa na Câmara e no Senado, e não aquela que está na minha cabeça ou na da equipe econômica".
Nesta manhã, em seu discurso, o presidente mostrou confiança na equipe montada por Guedes não só para cuidar da economia, mas dos "destinos do nosso Brasil". Bolsonaro ressaltou que seu governo não pode errar, porque se isso ocorrer "vocês sabem quem pode voltar", numa clara alusão aos governos do PT.
"Eu acredito nessa equipe composta pelo senhor Paulo Guedes para conduzir o destino não apenas econômico, que é a razão deles estarem aqui, mas os destinos do nosso Brasil. Se a economia for bem, teremos mais empregos, o índice de violência diminuirá, a satisfação se fará presente junto ao nosso povo e nós começaremos a viver dias melhores para o nosso Brasil", disse.
"Nós não podemos errar. Se nós errarmos, os senhores bem sabem quem poderá voltar", acrescentou.
IMPRENSA E ONGS
O presidente também disse que seu governo vai "democratizar as verbas publicitárias".
"Nenhum órgão de imprensa terá direito a mais ou menos naquilo que nós de maneira bastante racional viermos a gastar com a nossa imprensa", disse.
Bolsonaro disse desejar que os órgãos de imprensa sejam fortes e isentos, "e não sejam como alguns infelizmente o foram, há pouco tempo ainda, parciais".
"A imprensa livre é a garantia da nossa democracia, vamos acreditar em vocês, mas essas verbas publicitárias não serão mais privilegiadas para empresa A, B, ou C."
Por fim, o presidente repetiu promessa de campanha de um "controle rígido na destinação de recursos a Organizações Não Governamentais (ONGs).
"Os recursos que forem liberados pra ONGs sofrerão, como é a esperança de todos, um rígido controle para que nós passemos então a fazer com que o recurso público seja bem utilizado", disse.
(Reportagem de Ricardo Brito e Marcela Ayres)