Por Lisandra Paraguassu
CURITIBA (Reuters) - O candidato à vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Haddad, cancelou a participação em um evento com artistas em São Paulo, na noite desta segunda-feira, para ficar em Curitiba, enquanto o PT deve adiar mais uma vez a decisão de trocar o nome do ex-presidente pelo seu como candidato à presidente pelo partido.
O ex-prefeito de São Paulo deveria participar na noite desta segunda de um ato tradicional das candidaturas do PT no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca), com artistas e intelectuais. A ideia era que Haddad recebesse uma carta de Lula ungindo sua candidatura. O documento seria lido em Curitiba e depois em São Paulo como primeiros movimentos da candidatura Haddad, o que não deve mais acontecer.
Haddad chegou a Curitiba na manhã desta segunda para uma reunião com Lula que deveria selar a mudança, já que, com a cassação do registro do ex-presidente, o prazo dado pelo Tribunal Superior Eleitoral é 23h59 da terça-feira. No entanto, depois de uma reunião de pouco mais de três horas, Haddad saiu da Superintendência da Polícia Federal sem uma definição.
Advogado eleitoral de Lula, Luiz Fernando Casagrande Pereira, saiu do encontro dizendo que a única instrução do ex-presidente era de que se aguardasse o recurso do Supremo Tribunal Federal. Mais cedo, seus advogados haviam entrado com mais um recurso, pedindo a suspensão da decisão que cassou o registro e pedindo mais prazo para a mudança de chapa.
Uma reafirmação da decisão do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas de que o Brasil teria que cumprir a determinação de garantir os direitos políticos do ex-presidente, incluindo o registro da sua candidatura, também foi tratada como um novo alento e incorporada aos pedidos ao STF. Apesar de, até agora, o Judiciário brasileiro não ter dado sinais de que iria acatar qualquer decisão legal externa.
Haddad saiu da PF no início da tarde com o tesoureiro da campanha, Emídio de Souza, e foi almoçar na casa da presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, em uma reunião que durou até às 16h, quando voltou para mais um encontro com Lula.
Fontes ouvidas pela Reuters afirmam que o ex-presidente mantém a decisão de esperar pelo STF, o que deve adiar qualquer decisão sobre mudança de chapa para a terça-feira e no limite do prazo dado pelo TSE.
Na terça, o PT reúne a Executiva em Curitiba para, em tese, sacramentar a mudança na chapa - o passo é exigido pela lei eleitoral.