SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad voltou a criticar a campanha do adversário Jair Bolsonaro (PSL) pelo volume de notícias falsas distribuídas pelas redes sociais contra sua candidatura e disse que não interessa a ninguém uma eleição fraudada dessa forma.
Para o petista, a Justiça precisa ser mais ágil para retirar material falso do ar.
"Nós não estamos atuando nas redes sociais como eles. Nós temos origens muito diferentes, a minha é na tradição democrática, não na autoritária", disse Haddad em entrevista coletiva em São Paulo. "Não vou mudar por causa dele, não vou atuar no ambiente que ele está acostumado."
Para ele, o grau de distribuição dessas notícias falsas chega a criar uma fraude eleitoral no país.
"Não interessa a ninguém uma eleição fraudada por informações falsas. A Justiça precisa ser mais rápida. Quando a Justiça retira, milhões de pessoas já viram", disse o candidato, referindo-se a vitórias recentes que o PT teve na Justiça Eleitoral e retiraram páginas e links de notícias falsas contra a coligação.
PROPOSTAS
Depois de se reunir com os governadores da coligação eleitos no primeiro turno --Wellington Dias (PT), do Piauí, Rui Costa (PT), da Bahia, Camilo Santana (PT), do Ceará, e Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão--, Haddad apresentou algumas propostas que foram acertadas com eles para serem implementadas imediatamente caso seja eleito, na área de segurança e saúde.
Em segurança, Haddad reforçou a ideia de colocar a Polícia Federal para investigar o crime organizado em todo país. A proposta, que está no plano de governo do PT, foi fechada com os governadores.
"É uma reivindicação antiga de todos os 27 governadores", disse Rui Costa.
O reforço nas propostas de segurança é uma das questões que Flávio Dino defendeu que Haddad reforce nesse segundo turno.
"Segurança e economia tem que ser os dois pontos. Tem que deslocar o eixo do debate. Quem está impondo o debate até agora é Bolsonaro, tem que mudar a agenda e mostrar quem vai melhorar a vida das pessoas", defendeu Dino mais cedo, em conversa com jornalistas.
Haddad também destacou uma proposta que está no plano de governo, a de criar policlínicas em que as pessoas possam ir para fazer consultas de diferentes especialidades e também exames, sem ter que recorrer a hospitais.
O candidato afirmou que o Ceará e a Bahia já tem modelos desse tipo que funcionam bem e isso deve ser expandido para o resto do país.
CIRO E PDT
Haddad ainda espera uma sinalização mais objetiva do PDT, que só reúne a Executiva na quarta-feira para decidir sobre o convite de apoio, mas o PT tem cultivado e pressionado os pedetistas para que Ciro Gomes, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da disputa presidencial, se incorpore à campanha.
Até agora, o PDT prometeu um apoio "crítico", sem participar efetivamente do comando da campanha, segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Nesta terça, Haddad disse que Ciro é uma voz respeitado e que quer tê-lo ao seu lado no segundo turno da corrida presidencial contra o postulante do PSL, Jair Bolsonaro.
"Ciro é uma voz muito respeitada no país e queremos tê-lo ao lado", disse o petista, acrescentando que conversou com Manganeira Unger na noite anterior. Mangabeira foi um dos formuladores da campanha de Ciro.
"Eu disse que estaria aberto a incorporar propostas no nosso programa de governo. Não há incompatibilidade de princípios, os programas são muito afinados", afirmou.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)