A uma plateia de empresários dos setores de comércio e de serviços, o candidato a vice-presidente da República na chapa do PT, Fernando Haddad, representando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, disse nesta terça-feira (14) que uma das primeiras medidas de uma eventual administração petista será a reforma do sistema bancário para diminuir os juros ao crédito.
“Temos que dar um basta à oligopolização dos bancos, e isso não virá sem dor para os banqueiros”, afirmou. “Vamos ter que conviver por muito tempo com quatro ou cinco bancos respondendo por 80%, 90% do crédito. Teremos que mudar a legislação tributária dos bancos: quanto mais o banco cobrar de spread [bancário], mais impostos vai ter que pagar”.
O candidato a vice-presidente, Fernando Haddad (PT), participa de debate promovido pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) - José Cruz/Agência Brasil
Além de Haddad, outros quatro candidatos à Presidência da República participam hoje (14) do Diálogo Eleitor, promovido pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), que reúne oito instituições dos dois setores.
Ao representar o ex-presidente Lula no debate, Haddad, ex-prefeito de São Paulo e coordenador do programa de governo do PT, destacou que a chapa encabeçada por Lula será registrada amanhã (15) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Fico feliz de a Unecs ter aberto a possibilidade de um representante do presidente Lula trazer a sua mensagem. Faço isso na condição de seu companheiro de chapa”, disse.
Para destravar a economia, em um eventual governo do PT, Haddad defendeu a reforma tributária com a adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e a tributação de dividendos.
Outra medida apontada por Haddad é a manutenção da responsabilidade fiscal, mas sem a adoção do teto dos gastos públicos para que o Estado possa continuar a fazer investimentos.“O chamado teto do gasto inviabiliza a gestão pública”, destacou. “Não faz sentido manter o Estado congelado por 20 anos. Ele precisa ter alguma folga orçamentária para permitir que com gastos eficientes e transparentes, busquemos produtividade na infraestrutura”.
Perguntado sobre a reforma da Previdência, Haddad defendeu o debate sobre o tema com a população, por meio de mesas redondas com governadores e prefeitos para discutir os regimes próprios do funcionalismo. Disse ainda que é possível pensar em um referendo para discutir o assunto, mas observou que o programa de governo do PT não vai “penalizar os mais pobres”.
Segundo o candidato a vice, o plano de governo do PT prevê a retomada de obras paradas de programas como o Minha Casa, Minha Vida, para gerar empregos na construção civil no curto prazo. Haddad ressaltou que o programa habitacional vai se concentrar em áreas com infraestrutura urbana já instalada.
Questionado sobre segurança nas fronteiras, Haddad afirmou que, se a chapa for eleita, a gestão petista vai antecipar a entrega do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). Outra proposta é estabelecer que a Polícia Federal faça o “ciclo completo” do combate ao crime organizado.
Pela manhã, os presidenciáveis Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT) e Henrique Meirelles (MDB) debateram suas propostas para a retomada da economia, especialmente para a modernização do ambiente de negócios. O último a apresentar os principais pontos de seu programa de governo é o candidato Geraldo Alckmin (PSDB).