(Reuters) - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que o Ministério da Fazenda de seu eventual governo será comandado por um nome "ligado à produção" e não por um banqueiro e garantiu que escolherá para o cargo um perfil "completamente diferente" do economista Paulo Guedes, principal assessor econômico de seu adversário na disputa pelo Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PSL).
Em entrevista à Rádio Guaíba, Haddad afirmou que o nome a ser escolhido para comandar a economia pode ser um empresário ou um economista ligado ao setor produtivo.
"O que eu posso te dizer é que não será um banqueiro", disse Haddad quando indagado sobre seu futuro ministro da Fazenda.
"O Paulo Guedes eu jamais consideraria, porque ele tem vínculos com o mercado financeiro, ele tem o apoio do mercado financeiro, só pensa em taxa de juro, ganhar dinheiro fácil e, para mim, eu pensaria num perfil completamente diferente, alguém ligado à produção, não aos bancos", disse o petista.
"Paulo Guedes é ligado aos bancos, eu respeito, é um posicionamento, mas no meu governo banqueiro não vai assumir o Ministério da Fazenda."
Apesar de delinear o perfil de um eventual futuro ministro da Fazenda, Haddad afirmou que não antecipará sua equipe de governo neste momento.
"Pode ser um empresário ligado à produção. Pode ser um economista ligado ao setor produtivo. Mas não será um banqueiro", disse.
"Eu não gosto de compor equipe antes do resultado eleitoral. Nós temos um grupo de economistas e pensadores que fizeram o nosso programa de governo. O plano de governo está registrado no Tribunal Superior Eleitoral e eu não vejo necessidade de antecipar equipe, a não ser numa circunstância. Mas neste momento, talvez eu não antecipe equipe."
Questionado sobre a reforma da Previdência, Haddad disse que um eventual governo seu iniciaria esse trabalho pelos regimes próprios de Previdência para ajudar Estados e municípios e também para fazer mudanças no Judiciário.
O petista também foi indagado sobre que papel o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril em Curitiba, teria em um eventual governo. Sem responder diretamente, Haddad fez a avaliação de que Lula foi o melhor presidente que o Brasil já teve e disse que o ex-presidente tem a contribuir para o país.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)