Por Paul Carrel e Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - O ex-chanceler alemão Helmut Kohl, arquiteto da reunificação da Alemanha e mentor da atual líder do país, Angela Merkel, morreu aos 87 anos, informou seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), nesta sexta-feira.
O jornal Bild noticiou que Kohl morreu nesta manhã em sua casa em Ludwigshafen, no oeste da Alemanha.
"Estamos de luto", disse o CDU em um tuíte com uma foto de Kohl.
Chanceler com o mandato mais longo na Alemanha do pós-guerra, de 1982 a 1998, Kohl foi a força motriz por trás da introdução da moeda única europeia, convencendo alemães céticos a abrir mão do marco alemão.
Figura imponente que forjou uma relação próxima com o então presidente francês François Miterrand para pressionar por uma integração europeia mais próxima, Kohl estava frágil e usando cadeira de rodas desde que sofreu um tombo grave em 2008.
Homenagens surgiram rapidamente ao redor do mundo.
O ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush disse que ele e sua mulher, Barbara, "lamentam a perda de um verdadeiro amigo da liberdade, e o homem que considero um dos maiores líderes da Europa no pós-guerra".
"Trabalhar de perto com meu grande amigo para alcançar um fim pacífico para a Guerra Fria e a unificação da Alemanha com a Otan continuará sendo uma das grandes alegrias da minha vida", disse em um comunicado. "Helmut era uma rocha."
Gerhard Schroeder, sucessor de Kohl como chanceler, o descreveu como "grande patriota e europeu".
"A unificação do nosso país e do nosso continente será ligada a seu nome para sempre", afirmou.
Em Bruxelas, as bandeiras europeias foram colocadas a meio mastro em homenagem.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que foi premiê de Luxemburgo enquanto Kohl era chanceler, tuítou: "A morte de Helmut me dói profundamente. Meu mentor, meu amigo, o sentido verdadeiro da Europa, ele fará muita falta".
Na Alemanha, Kohl é celebrado acima de tudo como o pai da reunificação do país, que ele conseguiu concretizar em novembro de 1989 com a queda do Muro de Berlim, apesar da resistência de aliados como a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher e o líder soviético Mikhail Gorbachev.
Pouco após deixar o governo, a reputação de Kohl foi manchada por um escândalo de financiamento em seu partido de centro-direita CDU, liderado atualmente pela chanceler Merkel. Kohl foi um mentor de Merkel no início de sua carreira, nomeando-a para seu primeiro cargo ministerial.
Até a morte, Kohl sempre se recusou a identificar os doadores para o partido, dizendo que havia dado sua palavra a eles.
(Reportagem adicional de Michael Nienaber, em Berlim, e Alastair Macdonald, em Bruxelas)