Por John Whitesides
HEMPSTEAD, Estados Unidos (Reuters) - A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump vão se enfrentar pela primeira vez nesta segunda-feira em um debate presidencial que pode se tornar um dos embates políticos mais aguardados e assistidos da história dos Estados Unidos.
A disputa surpreendentemente apertada pela Casa Branca e o imprevisível choque de estilos entre adversários bem conhecidos, mas polarizadores, vêm despertando um grande interesse no confronto potencialmente definidor, que acontece seis semanas antes da eleição de 8 de novembro.
Estima-se que a audiência irá pelo menos se aproximar do recorde de 80 milhões de pessoas que assistiram ao debate presidencial entre o presidente democrata Jimmy Carter e o republicano Ronald Reagan em 1980.
O debate de 90 minutos terá início às 22h (horário de Brasília) na Universidade Hofstra de Long Island, em Nova York, e será o primeiro de três.
Tanto Trump quanto Hillary, que pesquisas de opinião mostram serem os candidatos à Presidência menos queridos da história moderna, esperam aproveitar a ocasião para acabar com algumas das dúvidas remanescentes dos eleitores e abordar fraquezas apontadas durante as campanhas.
O volátil Trump, empresário e ex-apresentador de reality show, terá uma chance de demonstrar uma profundidade e firmeza dignas de um comandante-em-chefe crível, enquanto a cautelosa Hillary poderá tentar se conectar diretamente com os eleitores que não confiam na ex-senadora, dizem estrategistas.
Mas Trump, novato na política que com frequência se mostrou mais afeito a provocações do que a propostas, pode se beneficiar da expectativa baixa dos eleitores.
"Não há dúvida de que não se irá exigir tanto de Trump. Ele não tem que ser brilhante, só não pode ser muito bombástico", disse Dan Schnur, ex-estrategista republicano que hoje é cientista político da Universidade do Sul da Califórnia.
As apostas são enormes. O debate ocorre em um momento no qual as pesquisas mostram que a vantagem antes considerável de Hillary sobre Trump evaporou em meio a questionamentos sobre sua fundação familiar e seu uso de um servidor de e-mail particular quando era secretária de Estado dos EUA.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta segunda-feira revelou que metade dos eleitores norte-americanos prováveis --o voto é facultativo no país-- irá contar com os debates para fazer suas escolhas. Mais da metade, 61 por cento, torce por um enfrentamento civilizado e não tem interesse na animosidade vista durante a campanha.
Hillary, de 68 anos, e Trump, de 70, vêm trocando insultos com regularidade, o que cria a perspectiva de uma troca de farpas violenta. Trump debocha de sua rival frequentemente chamando-a de "Hillary Trapaceira" e pediu que ela seja presa por conta da polêmica dos e-mails. Hillary classifica Trump como temperamentalmente inepto para ocupar a Casa Branca.
(Reportagem adicional de Steve Holland e Ginger Gibson em Washington)