Por Myriam e Rivet
PARIS (Reuters) - O presidente francês François Hollande e o primeiro-ministro Manuel Valls devem participar das eleições socialistas primárias para a escolha do candidato do partido para a corrida presidencial do próximo ano, disse um membro líder do Partido Socialista no sábado.
Os comentários de Claude Bartolone, chefe da câmara baixa do Parlamento, ocorrem enquanto as pesquisas sugerem que a dividida esquerda francesa enfrentará derrota nas mãos do candidato de centro-direita ou da líder de extrema direita Marine Le Pen na eleições nos próximos meses de abril e maio.
O partido de centro-direita Les Républicains irá escolher seu próprio candidato no domingo, com o ex-primeiro-ministro François Fillon em posição de vantagem. As primárias socialistas acontecem em janeiro.
A visão de Bartolone contrasta com as mensagens de Valls nos últimos meses de que ele não brigaria com Hollande pela nomeação socialista e de que apenas ficaria caso seu chefe, cujas taxas de popularidade têm sido consistentemente baixas, não ficasse.
Bartolone afirmou querer ver o maior número de candidatos possível, para garantir os vários elementos que a esquerda poderia unir em torno de um candidato.
Ele pediu que Hollande, Valls e o ex-ministro da Economia Emmanuel Macron fiquem, afirmando que o partido se beneficiaria de um grande número de candidatos. Macron fica de qualquer forma como independente.
"Eu quero Valls nas primárias, e eu quero Hollande nas primárias", disse Bartolone a jornalistas ao chegar na reunião política de esquerda ao norte de Paris.
"Eu preferiria que ambos ficassem nas primárias, ao invés de um deles dizer 'É isso, estou fora, então vou me afastar da campanha, vou me afastar dos Socialistas, vou me afastar do que o governo está fazendo', acrescentou ele.
Uma fonte próxima a Valls disse: "Claude Bartolone quer trazer uma decisão coletiva. Sua principal preocupação é como podemos trazer unidade, como podemos construir um ímpeto para assumir a direita e a extrema direita?"
Melenchon
Bartolone nomeou Jean-Luc Melenchon como outro candidato de esquerda que ele gostaria de ver envolvido. Melenchon recebeu no sábado o apoio do Partido Comunista Francês.
Ex-legislador socialista, ele ganhou 11,1 por cento dos votos na primeira rodada da eleição presidencial de 2012, ajudado pelo apoio comunista.
Outro candidato de esquerda, a ex-ministra da Habitação Sylvia Pinel, também afirmou no sábado que faria uma candidatura presidencial representando o pequeno Partido Radical de Esquerda (PRG).
A batalha das primárias socialistas expôs divisões dentro do partido, com alguns pedindo que Hollande não fique, enquanto outros têm sido mais cautelosos.
"Há tantas tensões internas dentro do Partido Socialista que tem sido difícil para eles ganharem ímpeto", disse François Savary, chefe de investimentos do fundo Prime Partners, baseado em Genebra.
Hollande deve anunciar ao final da primeira semana de dezembro se pretende concorrer à reeleição. Sua taxa de popularidade caiu para 4 por cento nas pesquisas de opinião, mas ele obteve um impulso esta semana, quando dados mostraram uma melhora do desemprego em outubro, para mínima em dois anos.
No entanto, a economia francesa continua fraca e os ataques de militantes islâmicos incluindo um em Paris em novembro de 2015, que matou 130 pessoas, também afetaram sua popularidade.
As pesquisas sugerem que qualquer candidato socialista seria derrubado em primeiro turno nas eleições do próximo ano, com o candidato do partido republicano sendo visto como o provável de vencer a extrema direita de Le Pen no segundo turno.
Pesquisas de opinião, no entanto, têm errado este ano. Após a decisão do referendo britânico de deixar a União Europeia e a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, Fillon confundiu as previsões ao ganhar a primeira rodada das primárias republicanas.
(Reportagem adicional de Jean-Baptiste Vey e Sudip Kar-Gupta)