Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O relator do processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado Marcos Rogério (DEM-RO), disse nesta segunda-feira que está “cabalmente comprovado” que o acusado tinha contas no exterior e que elas teriam o propósito de ocultar crimes como o recebimento de vantagens indevidas.
Em discurso na tribuna do plenário nesta segunda-feira, Rogério argumentou que era Cunha quem recebia as correspondências relacionadas às contas, que era ele quem criava as senhas e as contra-senhas de acesso --uma delas, cita, correspondia ao nome da mãe do deputado--, e que era ele quem administrava os recursos.
“Ficou cabalmente comprovado no curso do processo que o deputado Eduardo Cunha tem sim conta, bens e patrimônio no exterior”, disse o relator no início da sessão que deve analisar seu parecer pela cassação do mandato parlamentar de Cunha.
O deputado é alvo de processo por quebra de decoro parlamentar acusado de mentir à CPI da Petrobras (SA:PETR4), em 2015, ocasião em que negou ter contas bancárias no exterior. Posteriormente, no entanto, documentos dos Ministérios Públicos da Suíça e do Brasil apontaram contas dele e de familiares no país europeu.
“Não foi só uma simples mentira... a mentira destinava a camuflar, a ocultar a existência de contas que revelariam a prática de crimes tais como evasão de divisas, sonegação fiscal, concussão e... recebimento de vantagens indevidas”, disse o relator.
Referindo-se ao caso como “o mais emblemático já visto por esta Casa” e “digno de roteiros policiais”, Rogério argumentou ainda que a cassação não servirá apenas para aplicar uma punição individual a um deputado, mas para simboliza o “compromisso” da Casa com a ética e o decoro parlamentar.