BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, ainda não foi formalmente convidado para permanecer à frente da autoridade monetária no governo de Jair Bolsonaro (PSL), afirmou uma fonte com conhecimento direto do assunto nesta terça-feira.
A expectativa é que uma conversa ocorra nos próximos dias, conforme a equipe de transição do presidente eleito começa a trabalhar em Brasília. Os primeiros nomes do time da transição foram divulgados na véspera.
Indicado por Bolsonaro ao comando de um superministério da Economia, o economista Paulo Guedes já afirmou publicamente que a permanência de Ilan seria natural, mas que a possibilidade não estaria ainda definida, pois seria necessário que o atual presidente do BC quisesse e tivesse a "motivação" para ficar.
"O Ilan tem uma proposta de Banco Central independente. Qual seria a coisa mais natural do mundo? Eu dar um abraço no Ilan e falar que defendo há 30 anos o Banco Central independente. Ele ia falar assim: 'Paulo, eu tenho um projeto de Banco Central independente'. Eu vou falar: 'Que beleza, Ilan. Então a gente vai junto, aprova o projeto. Você ficou dois anos, você fica mais dois anos'", disse Guedes na semana passada.
O futuro ministro defende um projeto de independência do BC em que diretores e o presidente da autarquia terão mandatos definidos e não coincidentes com o do presidente da República.
Sobre a gestão das reservas internacionais, atribuição que hoje compete ao BC, Guedes negou ter planos de vender parte do estoque, a não ser no caso de um "ataque especulativo" que fizesse o dólar se aproximar de 5 reais, situação em que poderia se desfazer de 100 bilhões de dólares.
Após as falas, Ilan defendeu no fim de semana o regime de câmbio flutuante e o sistema de metas para inflação como mecanismos de defesa da economia doméstica contra choques externos, também destacando o papel das reservas internacionais e das expectativas de inflação ancoradas para contê-los.
Nesta terça-feira, Guedes se encontra com o atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, para um almoço às 13h no prédio do ministério, em Brasília.
(Por Marcela Ayres)