Por Drazen Jorgic e Saad Sayeed
ISLAMABAD (Reuters) - O astro de críquete paquistanês Imran Khan declarou vitória em uma eleição geral polarizada e ofuscada por um longo atraso na contagem de votos e alegações de fraude feitas pela maioria de seus oponentes.
"Deus me deu uma chance de chegar ao poder para implementar a ideologia que iniciei 22 anos atrás", disse Khan, de 65 anos, em um discurso televisionado de sua casa perto da capital Islamabad.
Mas apoiadores do ex-primeiro-ministro preso Nawaz Sharif alegaram que a votação foi manipulada e a classificaram como um ataque à democracia em um país que tem um histórico de governos militares.
Khan pediu laços "mutuamente benéficos" com os Estados Unidos, aliados de ocasião do Paquistão, e ofereceu um ramo de oliveira à arqui-inimiga Índia, dizendo que as duas nações deveriam resolver sua disputa já antiga sobre a Caxemira.
Com cerca de metade dos votos da eleição de quarta-feira contados, o partido Movimento por Justiça no Paquistão (PTI) de Khan tinha uma ampla vantagem na nação de maioria muçulmana e detentora de armas nucleares, disse a comissão eleitoral.
O mercado de ações subiu quase 2 por cento no início do pregão devido à expectativa de que Khan será capaz de montar uma coalizão estável.
A Liga Muçulmana-Nawaz do Paquistão (PML-N) de Sharif e o rival Partido do Povo do Paquistão (PPP) disseram que em muitas zonas eleitorais seus monitores ou foram expulsos durante a contagem ou não receberam notificações oficiais sobre os resultados daquele distritos, e sim contagens manuais que não conseguiram verificar.
"É uma farsa total. A maneira como o mandato do povo foi descaradamente insultado, é intolerável", disse Shehbaz, presidente do PML-N e irmão de Nawaz Sharif, em uma coletiva de imprensa em meio à contagem de votos.
Khan se ofereceu para investigar todas as alegações de manipulação e disse querer "unir" o país sob sua liderança.
O Paquistão enfrenta uma crise econômica crescente que deve exigir um pacote de socorro do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas o PTI não descartou pedir ajuda à China, a aliada mais próxima de Islamabad.
(Reportagem adicional de Kay Johnson, Drazen Jorgic e Idrees Ali em Islamabad e Syed Raza Hassan em Karachi)