Por Asif Shahzad e Saad Sayeed
ISLAMABAD (Reuters) - O herói paquistanês do críquete e agora envolvido na política Imran Khan liderava em projeções parciais de resultados da eleição geral desta quarta-feira e o partido de seu adversário preso, o primeiro-ministro deposto Nawaz Sharif, rejeitou o eventual resultado como “descaradamente” manipulado.
O partido de Khan está cada vez mais confiante, mas ainda parece provável que fique aquém de uma maioria clara na Assembleia Nacional. Resultados completos devem ser divulgados na quinta-feira.
Conforme as apurações continuavam, projeções de quatro canais de TV locais colocaram o partido de Khan na liderança, estimando que o partido conquistaria entre 107 e 120 assentos dos 272 assentos disponíveis na eleição, enquanto o partido governista de saída de Sharif teria entre 42 e 69. No entanto, estas projeções foram baseadas em somente cerca de 20 por cento dos votos apurados.
O porta-voz do partido de Khan, Fawad Chaudhry, expressou confiança à medida que as projeções iniciais foram transmitidas, dizendo em tuíte: “Parabéns à nação por um novo Paquistão! Primeiro-ministro Imran Khan”.
O irmão de Sharif, Shehbaz, que agora comanda a Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N), rejeitou a contagem após queixas de que soldados enviados para locais de votação haviam retirado monitores de partidos políticos durante as tabulações.
“Isto é uma pura fraude. A maneira que o mandato do povo foi descaradamente insultado, isto é intolerável”, disse Sehbaz em entrevista coletiva à medida que as apurações continuavam.
“Nós rejeitamos totalmente este resultado”, disse. “Isto é um grande choque para o processo democrático do Paquistão”.
A eleição de quarta-feira será somente a segunda transferência civil de poder na história de 71 anos do Paquistão.
Mas campanhas têm sido atormentadas há meses por acusações de que as poderosas forças armadas estiveram tentando inclinar a corrida em favor de Khan após brigas com o partido governista de Sharif, que foi preso por acusações de corrupção neste mês.
Cerca de 371 mil soldados foram designados para locais de votação em todo o país, quase cinco vezes o número enviado para a última eleição, em 2013.
“SÉRIA AMEAÇA”
A votação desta quarta-feira foi marcada por um ataque suicida a bomba que matou 31 pessoas perto de um local de votação em Quetta, capital da província de Baluchistão. O Estado Islâmico reivindicou responsabilidade.
Durante a apuração, o ministro da Defesa, Khurram Dastgir-Khan, da PML-N, tuitou que formulários oficiais de resultado não foram entregues em centenas de seções de votação, criticando o que chamou de “flagrante, desrespeitosa e sem vergonha fraude”.
O terceiro maior partido, o Partido Popular do Paquistão, também se queixou que agentes de locais de votação foram solicitados a sair durante a contagem de votos em diversos centros.
“Isto é um sino de alarme de uma séria ameaça”, disse o senador Sherry Rehman, do PPP. “Toda esta eleição pode ser nula e sem força legal, e nós não queremos isto”.
Diversos partidos menores fizeram queixas similares em comunicados públicos.