Por Andrew Osborn e Polina Nikolskaya
MOSCOU (Reuters) - O Kremlin minimizou nesta segunda-feira uma rara queda no índice de aprovação do presidente russo, Vladimir Putin, causada pelos planos de aumentar consideravelmente a idade de aposentadoria, dizendo não haver necessidade de dramatizar a situação.
Putin "não está preocupado com seus índices", disse seu porta-voz.
O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, disse no dia 14 de junho que o governo quer elevar a idade de aposentadoria dos homens em cinco anos, de 60 para 65 anos, e das mulheres em oito anos, de 55 para 63. A justificativa da reforma é diminuir a pressão sobre os cofres públicos.
Como a medida foi anunciada no dia do início da Copa do Mundo da Rússia, críticos acusaram Medvedev de tentar esconder a má notícia, e desde então pesquisas mostraram que cerca de 90 por cento da população se opõe ao plano.
Uma pesquisa de quinta-feira do instituto FOM revelou que o número de russos que disseram que votariam em Putin caiu oito pontos em uma semana, diminuindo de 62 para 54 por cento, e que seu índice de aprovação recuou de 75 para 69 por cento.
Outro levantamento, do instituto estatal VTsIOM, apontou na sexta-feira que sua aprovação diminuiu cerca de cinco pontos. Quase 2,5 milhões de pessoas também assinaram uma petição pedindo que Putin não leve a iniciativa adiante.
Indagado sobre a redução na popularidade de Putin, seu porta- voz, Dmitry Peskov, se mostrou otimista nesta segunda-feira.
"Eu não dramatizaria a situação", disse eles a repórteres em uma teleconferência. A reforma previdenciária proposta é uma questão socialmente delicada que ainda tem que ser finalizada.
"É claro, a sensibilidade pública (sobre o tema) tem um efeito na volatilidade dos indicadores de popularidade. Mas vocês sabem que Putin tem uma atitude realmente pragmática em relação isso e que o principal para ele é continuar trabalhando e cumprindo suas tarefas como chefe de Estado. Ele não está preocupado com seus índices".
Embora em queda, a aprovação de Putin continua muito mais alta do que a de qualquer um de seus adversários políticos.
Putin, que se reelegeu com grande vantagem em março e está com 65 anos, disse em 2005 que jamais concordaria em elevar a idade de aposentadoria enquanto fosse presidente.