LIMA (Reuters) - O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, disse nesta sexta-feira que a nova tentativa da oposição no Congresso de removê-lo de seu cargo está deixando o país “ridículo”, a poucas semanas de uma Cúpula das Américas que será realizada em Lima.
Parlamentares de partidos distintos da oposição apresentaram na quinta-feira uma solicitação para que Kuczynski seja destituído, acusando-o de “incapacidade moral”, por supostamente mentir sobre suas ligações com a empreiteira brasileira Odebrecht, investigada por propinas em diversos países da América Latina.
“O que estamos fazendo é colocar o Peru no ridículo, porque estamos dizendo: ‘Expulsamos o presidente que está trabalhando quando virão 35 presidentes da América”, disse Kuczynski em um discurso ao inaugurar obras públicas às margens do lago Titicaca, na fronteira sudeste do país.
A cúpula continental será realizada em 13 e 14 de abril na capital peruana.
Kuczynski, que assumiu o poder em julho de 2016, evitou uma destituição em dezembro graças ao apoio de um grupo de parlamentares dissidentes do maior partido opositor no Parlamento, Força Popular, que é liderado pela ex-candidata presidencial Keiko Fujimori.
O presidente voltou a criticar duramente as intenções do Congresso, que irá realizar sessão na próxima semana para avaliar se aceita o pedido de destituição antes de convocar uma sessão plenária.
Caso isto aconteça, Kuczynski, um ex-banqueiro de centro-direita de 79 anos, será convocado a uma sessão plenária para se defender. Para ter êxito, a destituição do presidente requer apoio de ao menos 87 dos 130 membros do Congresso.
“Eu vou me defender e não irei renunciar porque não fiz nada, nada”, afirmou. “Se eu morrer hoje, São Pedro irá me receber lá em cima e me dirá ‘Pedro Pablo, você está atuando bem, eu sei’. Minha consciência está limpa”, disse Kuczynski.
(Reportagem de Marco Aquino)