(Reuters) - O atentado contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, que foi esfaqueado na última quinta-feira, traz dificuldade para estabilidade do próximo governo, que poderá ter sua legitimidade questionada, afirmou o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, em entrevista ao Estado de S.Paulo.
O general pontuou na entrevista que, caso não seja eleito, Bolsonaro poderá dizer que teve sua campanha prejudicada.
"Estamos construindo dificuldade para que o novo governo tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade, e podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada", disse o general Villas Bôas na entrevista.
"Com relação a Bolsonaro, ele não sendo eleito, ele pode dizer que prejudicaram a campanha dele. E, ele sendo eleito, provavelmente será dito que ele foi beneficiado pelo atentado, porque gerou comoção."
O comandante do Exército, disse ao jornal que "o atentado é a materialização das preocupações que a gente estava antevendo de todo esse acirramento dessas divergências, que saíram do nível político e já passaram para nível comportamental das pessoas. A intolerância está muito grande".
Também na entrevista, o general Villas Bôas comentou recomendação feita pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, de que o Estado brasileiro deve garantir ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o exercício de todos os direitos políticos mesmo que na prisão.
Para o general, a medida da ONU "é uma tentativa de invasão da soberania nacional".
"Depende de permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo", afirmou na entrevista.
Lula teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa por ter sido condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá. O ex-presidente alega inocência.