Por Lisandra Paraguassu e Patrícia Duarte
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deve deixar o cargo ainda nesta sexta-feira, no máximo nos próximos dias, afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento sobre o assunto, após diversos atritos com a presidente Dilma Rousseff, sobretudo quanto ao ajuste fiscal.
O nome mais forte para substituí-lo é o do atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que tem um perfil mais alinhado ao da presidente, apesar da certa resistência do mercado, que o enxerga como "desenvolvimentista".
O país passa por grave recessão econômica, com inflação elevada, além de intensa crise política, que culminou com abertura de um processo de impeachment contra a presidente. Com as contas públicas em desordem, Dilma tem dificuldades para encontrar outro nome para substituir Levy.
Dois nomes de fora do governo teriam sido sondados, segundo duas fontes, mas não aceitaram: o economista Marcos Lisboa, diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, e Otaviano Canuto, diretor-executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Por isso, a solução pode ser Barbosa, que tem ótimo relacionamento com a presidente. E o Ministério do Planejamento poderia ficar sob o comando de um técnico interino até se encontrar um novo nome.
Fontes do Planalto já começam a "vender" a ideia de que Barbosa não é um "irresponsável" e não vai ficar gastando além do que pode nem abandonar o ajuste fiscal.
Ao mesmo tempo, enquanto enfrenta um pedido de impeachment, Dilma precisa contar com quem realmente a apoia, que são os movimentos sociais, e que cobram pelo menos algumas mudanças na política econômica.
Já há algum tempo o governo fala que é preciso parar de falar em ajuste e começar a valorizar o retorno ao crescimento, alternativas para retomada da geração do emprego e renda.
Nesta manhã, o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que um ministro da Fazenda precisa ser "jeitoso", além de técnico e político.