Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, suspendeu nesta sexta-feira a sessão do impeachment após um intenso bate-boca entre senadores, incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A sessão deve ser retomada às 13h.
Lewandowski já havia desligado os microfones de senadores que discutiam --Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Lindbergh Farias (PT-RJ)-- e alertou que usaria seu poder de polícia para pedir “respeito mútuo”, chegando a suspender a sessão por alguns instantes.
Logo após essa primeira interrupção, Renan desceu ao plenário e pediu o microfone, a princípio em tom conciliatório para pedir calma aos colegas.
“Esse confronto político não acrescenta nada, absolutamente, nem para um lado, nem para o outro... Se continuarmos dessa forma, teremos que cancelar o depoimento da presidente da República que acontecerá na segunda-feira”, disse Renan, que já havia concluído sua fala, quando decidiu retornar ao microfone.
A partir desse ponto, o presidente do Senado saiu da linha “paz e amor” e, já com a voz alterada, endureceu o discurso, tendo como alvo a senadora Gleisi Hoffamnn (PT-PR).
“Ontem, a senadora Gleisi chegou ao cúmulo, chegou ao cúmulo, de dizer aqui para todo o país que o Senado Federal não tinha moral para julgar a presidente da República. Como uma senadora.... como uma senadora pode fazer uma declaração dessa, exatamente uma senadora que conseguiu há 30 dias que o presidente do Senado Federal conseguisse no Supremo Tribunal Federal desfazer o seu indiciamento e do seu marido?”, atacou.
O marido da senadora, o ex-ministro dos governos de Dilma e Lula Paulo Bernardo foi preso no fim de junho na operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava Jato.
Diante da confusão generalizada que se instalou, com colegas entrando em campo para o coro do “deixa disso”, Lewandowski suspendeu a sessão, avisando que seria retomada às 13h.
A assessoria do STF informou que não comenta a declaração de Renan.
Ambos permaneceram alguns minutos no plenário após a suspensão e, cercados de colegas, chegaram a trocar palavras inaudíveis da tribuna de imprensa.
A manifestação de Renan, que até então tentava construir postura de isenção, pode dar uma ideia de como o senador irá se portar na votação final do julgamento de Dilma. Renan não votou nas deliberações anteriores do processo do impeachment.