(Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, que pode ser novamente candidato à Presidência da República em 2018 para evitar que a oposição ganhe a próxima disputa.
Na entrevista à emissora mineira, o ex-presidente também reconheceu que o governo da presidente Dilma Rousseff, sua sucessora e afilhada política, cometeu erros na condução da economia e que agora busca corrigí-los com o ajuste fiscal.
"Não posso dizer que sou, nem que não sou (candidato). Sinceramente, espero que tenha outras pessoas para serem candidatas", disse Lula.
"Agora, uma coisa pode ficar certa. Se a oposição pensa que vai ganhar, que não vai ter disputa e que o PT está acabado, ela pode ficar certa do seguinte: se for necessário, eu vou para a disputa e vou trabalhar para que a oposição não ganhe as eleições", garantiu.
Em um momento de recessão econômica --o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 1,9 por cento no segundo trimestre deste ano--, de recorde de baixa na popularidade de Dilma e de pesquisas mostrando que dois terços da população são favoráveis ao impeachment, Lula reconheceu que houve erros na condução da economia e disse que a presidente também tem este diagnóstico.
"Lógico que teve erros. Se não tivesse erros a gente não tinha chegado onde nós chegamos", avaliou.
"A Dilma reconhece que houve erros. Acho que houve alguns equívocos nossos na questão econômica e que a Dilma tentou consertar quando propôs o ajuste fiscal. Ou seja, a gente só pode gastar aquilo que a gente tem", disse.
Lula negou ainda que tivesse conhecimento do esquema bilionário de corrupção na Petrobras (SA:PETR4) investigado pela operação Lava Jato.
"Eu até gostaria de ter sabido antes. Eu não sabia, a Polícia Federal não sabia, a imprensa não sabia, o Ministério Público não sabia, a direção da Petrobras não sabia. Só se ficou sabendo depois que houve um grampeamento e pegou o tal do (doleiro Alberto) Youssef, que já tinha muitas passagens pela polícia, falando com outros caras", declarou.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)