BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira que é preciso que o PT se organize internamente após o impeachment da presidente Dilma Rousseff e afirmou não ter dúvidas de que o partido tem que ser de oposição ao governo do presidente Michel Temer.
“Acho que precisamos arrumar as coisas dentro do PT. Discutir internamente as coisas dentro do PT... Eu não tenho dúvidas que o PT tem que ser um partido de oposição, ainda tem que aprender a fazer oposição. Aqui no Brasil muita gente exige que a oposição contribua com o governo”, disse Lula a jornalistas após acompanhar a cerimônia da ministra Cármen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao ser questionado sobre o impeachment de Dilma, a quem antecedeu na Presidência, Lula disse que o processo foi político e que o Brasil aprendeu que ainda falta muito para consolidar o processo democrático.
“Todos que votaram (no impeachment) sabem que foi uma votação evidentemente política, porque não tinha base legal pra fazer aquilo. Não tinha um crime que pudesse referendar aquilo. É um alerta pra gente tentar aperfeiçoar o nosso processo democrático”, disse o ex-presidente.
Em meio à defesa feita por membros do governo Temer de reformas da Previdência e da legislação trabalhista, Lula também disparou contra a atual gestão.
“Tentar resolver o problema da crise mexendo no direito dos trabalhadores é inaceitável”, criticou Lula que não descartou conversar futuramente com Temer, embora tenha dito que este não é o momento.
"Se algum dia for necessário conversar com qualquer pessoa, eu conversarei. Eu não vejo necessidade nesse momento", disse Lula, que na posse de Cármen Lúcia se encontrou com Temer pela primeira vez desde o impeachment.
Lula disse ainda acreditar que o movimento “Fora Temer” ainda vai perdurar, “porque uma parcela da sociedade brasileira continua indignada”.
(Reportagem de César Raizer)