BRASÍLIA (Reuters) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será ministro da Casa Civil da presidente Dilma Rousseff, disseram nesta quarta-feira os líderes do governo e do PT na Câmara dos Deputados.
A decisão de Lula substituir Jaques Wagner na Casa Civil ocorre em meio à forte deterioração política do governo e a uma escalada de denúncias contra Lula, que como ministro passará a ter foro privilegiado junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
"(Queria) anunciar para o Brasil que o presidente Lula acaba de aceitar o convite para ser ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República. Consideramos uma decisão de alta envergadura, de interesse nacional", disse o líder do PT na Câmara, Afonso Florence(BA).
"O foro privilegiado nunca foi e nunca será motivo de obstaculização das investigações", acrescentou.
Mais cedo, o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, tinha informado em sua conta no Twitter que Lula será o novo ministro da Casa Civil.
Lula participava de reunião com Dilma, Wagner e o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no Palácio da Alvorada. Wagner já deixou o local, mas a reunião continuava.
Inicialmente, a ideia era apontar Lula como ministro da Secretaria de Governo, no lugar de Ricardo Berzoini.
Nesta manhã, porém, Dilma e seus auxiliares chegaram à conclusão que a melhor pasta para o ex-presidente seria a Casa Civil, por ser um ministério com mais poder e mais espaço no governo, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto, sob condição de anonimato.
A ida de Lula para o ministério parecia um movimento que tinha como principal objetivo garantir foro privilegiado após ele ter sido o principal alvo da última fase da operação Lava Jato, que apura um esquema bilionário de corrupção.
Mas depois de o PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer e o maior da coalizão governista, ter dado uma espécie de "aviso prévio" ao governo no último sábado e das grandes manifestações de domingo a favor do impeachment de Dilma, a participação de Lula passou a ser vista como importante para tentar reanimar o governo e evitar o impedimento da presidente.
A expectativa dentro do governo é que Lula use sua reconhecida capacidade política num esforço de convencimento junto a parlamentares da base governista, especialmente no PMDB, para manterem seu apoio a Dilma e votarem contra o impeachment da presidente.
Tão difícil como a batalha do impeachment, outra tarefa de Lula seria dar uma sacudida no governo que ajude a impulsionar de algum modo a economia do país, mergulhada numa profunda recessão.
Wagner deve assumir a chefia de gabinete de Dilma, no lugar de Gilles Azevedo, disse o deputado Afonso Florence.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello)