BRASÍLIA (Reuters) - O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta terça-feira que trabalha para iniciar a discussão da DRU nesta semana na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, e defendeu que recursos de fundos constitucionais não sejam desvinculados.
A Desvinculação de Receitas da União (DRU) é um mecanismo que permite ao governo remanejar uma porcentagem do que arrecada, o que pode ajudá-lo a desengessar o Orçamento num momento em que se esforça para equilibrar as contas públicas. A prorrogação desse instrumento é objeto de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) , atualmente na CCJ da Câmara.
"Precisamos dar celeridade à votação da DRU na CCJ... precisamos votar ou pelo menos iniciar o debate nesta semana", disse Guimarães, após reunião entre líderes da base e o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini.
Para o líder governista, impedir a desvinculação de recursos de fundos constitucionais de desenvolvimento regional pode facilitar a votação da matéria.
"Eu vou defender, no caso dos fundos constitucionais, que seja retirada a desvinculação", disse o deputado.
Para iniciar a discussão e votação da PEC, é necessário primeiro que seja apresentado um parecer, que deve opinar se ela preenche requisitos constitucionais. Uma vez aprovada na CCJ, ela precisa ainda passar para uma Comissão Especial, que discute o mérito em si da proposta. Apenas após todo esse trâmite é que a proposta é votada em dois turnos no plenário da Câmara e segue ao Senado, para um rito semelhante antes de ser apreciada pelos senadores.
BAIXAR A TEMPERATURA
Segundo Guimarães, na reunião com Berzoini também foi colocada a necessidade de aprovação de matérias orçamentárias e da recriação da CPMF. Esse último tema, aliás, de acordo com Guimarães, deve ser assunto de reunião entre prefeitos e a presidente Dilma Rousseff na próxima quinta-feira.
Outro projeto que recebeu atenção de governistas é o que prevê a repatriação de recursos no exterior.
A ordem, durante a reunião, reafirmou o líder, é "baixar a temperatura" do ambiente político e fugir da pauta da oposição, que tem apostado na agenda do impeachment de Dilma.
Questionado por jornalistas sobre a representação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética da Casa, Guimarães preferiu repetir que não se trata de "assunto de governo".
"Esse ambiente político não é bom, nem para o governo, nem para o presidente Eduardo Cunha, nem para a oposição e nem para o Parlamento."
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)