BRASÍLIA (Reuters) - O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou que o parecer pela continuidade do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff deve ser aprovado por quase 60 votos do plenário em sessão iniciada nesta terça-feira.
Pelas contas do senador, 58 senadores devem referendar o parecer redigido por Antonio Anastasia (PSDB-MG), que considera haver elementos suficientes para a “pronúncia” da presidente, e o consequente encaminhamento do processo de impeachment à sua última etapa, o julgamento final.
“É (necessário) apenas maioria simples (para aprovar o parecer), espero que tenhamos pelo menos 58 votos para a pronúncia”, disse o líder do PMDB a jornalistas.
Eunício é um dos diversos senadores que abriram mão de dez minutos de discurso da tribuna, o que deve reduzir a duração da sessão. O senador falaria por sua bancada, que já havia aberto mão de subir à tribuna.
Antes, integrantes do PSDB desisitiram de seus discursos, e o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla, representou a bancada, elogiando o parecer de Anastasia.
Previsões iniciais apontavam que a reunião do plenário para analisar a pronúncia poderia durar mais de 20 horas, mas com as desistências de falas de senadores favoráveis ao impeachment, a votação pode ser acelerada.
“A intenção é votar ainda hoje”, disse Eunício. “ Com essa retirada (das falas), vamos ganhar aí quase 3 horas, porque o PSDB já havia retirado.”
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, arriscou dizer que o Senado deve concluir a votação da pronúncia antes da meia-noite.
Pouco antes das 18h, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que conduz a atual etapa do impeachment, afirmou que retomaria a sessão dali a meia-hora e que não haveria mais suspensão dos trabalhos.
Na semana passada, no entanto, senadores e Lewandowski acertaram que haveria um intervalo de uma hora a cada quatro horas de funcionamento da sessão.
Interessa ao governo interino de Michel Temer que o processo seja concluído logo, assim se coloca um fim a essa situação de transitoriedade. Dilma teve que se afastar da Presidência em maio.
O julgamento deve ter início no dia 25 deste mês e, segundo estimativas iniciais, deve durar cerca de cinco dias.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)