Por Ingrid Melander e Michel Rose
PARIS (Reuters) - Os principais candidatos na eleição presidencial francesa entraram em confronto em um debate televisivo nesta segunda-feira, com o centrista Emmanuel Macron acusando a líder da extrema-direita, Marine Le Pen, de ter mentido e buscar dividir a França.
O debate, primeiro entre os cinco principais candidatos antes da eleição de dois turnos, em 23 de abril e 7 de maio, pode ajudar os eleitores a definirem seu voto em uma disputa na qual 40 por cento dizem não saber quem apoiar.
Pesquisas de opinião indicam Macron e Le Pen se distanciando dos demais na eleição marcada por reviravoltas e realizada em meio a um cenário de altas taxas de desemprego e crescimento lento.
Uma do momentos mais acalorados ocorrer quando Le Pen acusou Macron de ser a favor do burquíni, um traje de banho completo vestido por mulheres muçulmanas que gerou semanas de controvérsia no último verão na França.
“Você está mentido (aos eleitores) ao manipular a verdade”, respondeu Macron, ex-ministro da Economia de 39 anos sob governo de François Hollande e que concorre como independente.
A temperatura do debate da rede de TV TF1 subiu quando os candidatos foram perguntados sobre imigração e islamismo.
“Quero colocar um fim à imigração, isto é claro”, disse Le Pen, antes de falar sobre um aumento do fundamentalismo islâmico na França e dizer que a situação de segurança no país é “explosiva”.
Após a surpresa da votação pela saída do Reino Unido da União Europeia e a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, os mercados se mostram nervosos com a possibilidade de vitória de Le Pen. Ela promete tirar a França da zona do Euro e realizar um referendo sobre participação na UE.
Enquanto pesquisas mostram Macron e Le Pen mantendo uma clara liderança no primeiro turno, o candidato conservador François Fillon, que já foi líder nas pesquisas, perdeu apoio, prejudicado por um escândalo envolvendo o emprego de sua esposa como assessora parlamentar.
Somente os dois candidatos mais votados seguem para o segundo turno, no qual pesquisas indicam uma vitória fácil de Macron sobre Le Pen.
Mas, com muitos eleitores ainda indecisos e pesquisas indicando que o número de abstenções pode ser o mais alto já registrado na França, o nível de incerteza continua alto. Um alto número de abstenções pode beneficiar Le Pen, à medida que pesquisas consistentemente mostram que seus eleitores são os mais decididos.
ESCÂNDALOS
Fillon, acusado de pagar a sua esposa um generoso salário por trabalhos que ela pode não ter realizado, foi colocado sob investigação formal, se tornando o primeiro candidato presidencial francês a ser investigado.
Mas o escândalo, que dominou a campanha por semanas, ocupou relativamente pouco tempo no debate, com somente o esquerdista Jean-Luc Melechon indo para cima de Fillon e Le Pen, ela também alvo de diversas investigações judiciais.
Macron, ex-banqueiro de investimentos que nunca concorreu a nenhum cargo público, foi criticado por doações privadas feitas à sua campanha.
O candidato socialista, Benoit Hamon, sugeriu que ele pode ceder à influência de lobbies das indústrias farmacêutica, bancária ou petroleira.