SÃO PAULO (Reuters) - Sem o apoio do PSDB não há "nenhuma condição" de se aprovar a reforma da Previdência, disse nesta segunda-feira o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que afirmou ainda ter mudado sua visão em relação às chances de aprovar a reforma de pessimista para realista, após uma reunião na noite de domingo.
"Otimista não dá ainda para ser otimista. No sábado eu estava pessimista, com a reunião de domingo agora eu estou realista. Acho que a gente tem um caminho", disse Maia a jornalistas após evento em São Paulo.
Os comentários de Maia em relação ao PSDB foram feitos em resposta a uma pergunta sobre a entrevista dada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao jornal Folha de S.Paulo afirmando que o governo terá um candidato à Presidência no ano que vem, mas que ele não será o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), favorito para ser o candidato tucano ao Planalto. [nL1N1O40BF]
"Com todo respeito ao ministro Henrique Meirelles, eu acho que esse embate neste momento não colabora, atrapalha. O PSDB é um partido importante, nos ajuda, votou conosco as reformas mais importantes que nós votamos desde que eu assumi a presidência da Câmara", disse Maia.
"Sem o PSDB, nós não temos nenhuma condição de aprovar a reforma da Previdência. Então se está se trabalhando para destruir o PSDB, significa estar se trabalhando contra a reforma da Previdência."
Maia defendeu que aqueles interessados em aprovar as mudanças previdenciárias se concentrem em garantir que a medida passe na Câmara e deixe a disputa eleitoral do ano que vem para depois.
"Vamos deixar a eleição para 2018. Está muito longe a eleição de 2018. A crise brasileira é muito profunda e qualquer tentativa de tratar de eleição neste momento, acho que atrapalha mais do que ajuda", defendeu.
Maia, que na noite da véspera se reuniu com o presidente Michel Temer, com ministros e com líderes e presidentes de partidos da base aliada, disse que a ideia é garantir em torno de 330 votos favoráveis à reforma para então levá-la ao plenário da Casa.
Para aprovar a medida na Câmara e encaminhá-la ao Senado, é necessário o apoio de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votações na Casa.
"Não é a última chance (de votar a Previdência). É a última chance neste ano, votar na próxima semana se a gente conseguir os números. Mas não é a última tentativa, porque esse tema vai entrar a qualquer momento", avaliou.
Maia também voltou a afirmar que pretende disputar a reeleição para deputado federal pelo Rio de Janeiro e afirmou não ter base eleitoral para tentar a disputa do governo de seu Estado, nem a Presidência da República.
(Por Natália Scalzaretto e Eduardo Simõ)