SÃO PAULO (Reuters) - Manifestantes que pedem o impeachment de Dilma Rousseff realizavam neste domingo protestos em diversas cidades do país, com grandes aglomerações registradas pela manhã em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Recife e Brasília.
Organizadores das manifestações, convocadas principalmente pelas redes sociais, prometem protestos em centenas de cidades no país e no exterior em meio à desaprovação recorde da presidente nas pesquisas de opinião.
No início da manhã, já havia concentração de manifestantes na capital federal e em outras capitais brasileiras, como Belém, Maceió, Salvador, São Paulo, além de cidades do interior.
As pessoas exibiam cartazes contra Dilma, vestindo roupas verde e amarelo e portando cartazes contra a corrupção.
A concentração no início da manhã em Brasília ocorria perto do Museu da República.
No Rio de Janeiro, muitas pessoas caminhavam pela orla da praia de Copacabana, com roupas com as cores da bandeira brasileira.
Em São Paulo, os protestos estão marcados para o início da tarde, na Avenida Paulista. Mas, por volta das 11h, uma das pistas da via foi interditada pelos manifestantes.
Cidades do interior paulista também registravam protestos. A manifestação em Jundiai (SP), cerca de 60 quilômetros da capital, começou às 10h, numa das avenidas mais movimentadas da cidade. Um caminhão de som tocava músicas contra o governo da presidente Dilma e com muitas palavras de ordem contra também o ex-presidente Lula.
Diante dos protestos, a presidente Dilma decidiu permanecer em Brasília neste fim de semana acompanhada por ministros do núcleo da coordenação política para monitorar as manifestações.
Dilma poderá designar um de seus auxiliares diretos para fazer uma avaliação oficial dos protestos, informaram duas fontes do governo.
De acordo com uma das fontes consultadas, o governo considera que haverá "grande" adesão aos movimentos e que isso ocorrerá devido ao contexto marcado pelo aprofundamento da recessão, aumento do desemprego, baixa popularidade da presidente e agravamento da crise política.
Reforça essa avaliação, conforme uma segunda fonte consultada, a deflagração na quinta-feira da 18ª etapa da operação Lava Jato, desta vez envolvendo o Ministério do Planejamento.
Paralelamente, Dilma tem afirmado em discursos e entrevistas que não renunciará ao cargo e tem ainda pregado um respeito à democracia e ao resultado das eleições.
No front da relação com o Congresso, tem buscado uma aproximação com o Senado, especialmente com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), diante de uma situação na Câmara dos Deputados classificada de "inadministrável" por um importante parlamentar da base aliada.
Segundo pesquisa Datafolha, 71 por cento dos entrevistados para a sondagem consideram o governo Dilma ruim ou péssimo e 66 por cento são favoráveis ao impeachment.
Dilma conseguiu algum fôlego nesta semana, após seu governo fazer uma aproximação com o Senado e de obter decisões favoráveis no Tribunal de Contas da União e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Também contribuiu para o alívio a Dilma o diálogo e o apoio que ela teve de movimentos sociais.
Ainda assim, a presidente tem pela frente processos que podem resultar na cassação de sua chapa presidencial na eleição do ano passado pelo TSE e a análise das contas de seu governo no ano passado pelo TCU.
Caso o órgão de contas emita um parecer ao Congresso Nacional recomendando a rejeição das contas, a decisão pode dar força aos partidários da abertura de um processo de impedimento da presidente.
(Reportagem de Eduardo Simões, Patrícia Duarte e Luciana Otoni)