SÃO PAULO (Reuters) - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), assumiu nesta quarta-feira a relatoria do inquérito que investiga o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) por denúncias feitas por executivos da J&F, holding que controla o frigorífico JBS (SA:JBSS3).
A investigação contra o tucano, também apura suspeitas de irregularidades contra Andrea Neves, irmã de Aécio, e Frederico Pacheco, primo do senador. Os dois parentes do tucano estão presos por conta de acusações de que teriam atuado com o parlamentar no recebimento por ele de uma propina de 2 milhões de reais que teria sido paga pelo empresário Joesley Batista, um dos controladores da J&F.
O inquérito estava sob a relatoria do ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no Supremo, e fazia parte de uma investigação que também envolvia o presidente Michel Temer e seu ex-assessor especial Rodrigo Rocha Loures. Na segunda-feira, no entanto, Fachin decidiu pelo desmembramento do caso, mantendo sob sua responsabilidade somente a apuração de supostas irregularidades cometidas por Temer.
Aécio foi gravado por Joesley em um diálogo em que pediria os 2 milhões de reais e no qual também faria críticas à Lava Jato e ao então ministro da Justiça, Osmar Serraglio. Andrea Neves teria tratado do pagamento com Joesley, e Frederico Pacheco foi escalado por Aécio para receber os recursos. O primo do senador foi gravado em ação controlada da Polícia Federal recebendo os recursos.
O senador negou qualquer irregularidade e disse ter sido alvo de uma armação montada por Joesley. Ele disse que havia oferecido ao empresário a venda de um apartamento onde mora sua mãe, mas que o dono da JBS ofereceu em troca um empréstimo de 2 milhões de reais que, de acordo com Aécio, seria posteriormente regularizado por contrato.
(Por Eduardo Simões)