(Reuters) - A ex-primeira-dama Marisa Letícia foi diagnostica sem fluxo cerebral em um exame realizado nesta quinta-feira, informou o Hospital Sírio Libanês, e a família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que autorizou os procedimentos preparativos para a doação dos órgãos.
Dona Marisa, de 66 anos, deu entrada no hospital de São Paulo em 24 de janeiro com hemorragia cerebral por ruptura de um aneurisma e vinha recebendo tratamento intensivo desde então.
"A família Lula da Silva agradece todas as manifestações de carinho e solidariedade recebidas nesses últimos 10 dias pela recuperação da ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia Lula da Silva. A família autorizou os procedimentos preparativos para a doação dos órgãos", informou o ex-presidente Lula em nota publicada em suas redes sociais.
Em boletim médico, o Hospital Sírio Libanês informou: "Na manhã de hoje foi realizado Doppler transcraniano, sendo identificada ausência de fluxo cerebral. Diante do resultado, com autorização da família, foram iniciados procedimentos para doação de órgãos".
Segunda mulher do ex-presidente Lula --a primeira faleceu, grávida de sete meses-- Marisa nasceu em São Bernardo do Campo. Neta de italianos, a “galega” também era viúva, quando conheceu Lula, em 1973. Seu marido havia sido assassinado com poucos meses de casamento.
Lula e Marisa casaram-se no civil em maio de 1974, seis meses após se conhecerem, e tiveram três filhos. O filho do primeiro casamento de Marisa foi oficialmente adotado por Lula aos 10 anos.
Desde então, Marisa acompanhou o marido em toda a sua trajetória política, desde as greves no final da década de 1970, passando pela prisão de Lula, em 1980, e pela fundação do PT, além das campanhas eleitorais.
Marisa foi primeira-dama de janeiro de 2003 ao final de 2010.
Muitas vezes comparada à primeira-dama anterior, a acadêmica Ruth Cardoso, Marisa foi criticada por uma postura menos atuante, ao não se envolver com nenhuma ação ou programa do governo. A ex-primeira-dama tinha dupla cidadania, já que requereu e obteve a italiana.
Marisa Letícia era ré na Justiça Federal no Paraná em ação penal ligada à operação Lava Jato, na qual o juiz Sérgio Moro aceitou, em setembro do ano passado, denúncia contra o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em dezembro, Moro aceitou mais uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra Lula e Marisa Letícia, em um caso que envolve um terreno que seria destinado ao Instituto Lula e um apartamento em São Bernardo do Campo.
A morte de Marisa Leticia deve ter um impacto sobre o futuro político de Lula, cotado para presidir o PT a partir de junho, e potencial candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem.
(Reportagem de Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro, e Maria Carolina Marcello, em Brasília)