Por Paul Carrel e Michael Nienaber
BERLIM (Reuters) - Isolada na Europa, a chanceler alemã, Angela Merkel, enfrentará um grande teste no domingo, quando três Estados da Alemanha votam em eleições que podem erodir sua base e minar a política imigratória na qual ela apostou seu legado.
Conhecida por sua cautela, Merkel tomou a decisão arriscada no ano passado de abrir as fronteiras do país aos refugiados em fuga da guerra da Síria – medida que fez com a revista Time a elegesse Personalidade do Ano de 2015, mas que causou revolta nos alemães no que diz respeito à integração dos imigrantes.
Agora os eleitores de três Estados –dois no oeste e um na antiga Alemanha Oriental– têm a chance de punir Merkel, de 61 anos, justamente quando ela tenta usar seu prestígio como maior líder europeia para obter a aprovação de um acordo entre a União Europeia e a Turquia para deter o fluxo imigratório.
"Merkel irá continuar a ser chanceler, mas talvez com um olho roxo", disse Matthias Kortmann, pesquisador de ciência política da Universidade de Munique.
Tal perda de capital político iria abalar a posição de Merkel em um momento crucial de seus esforços para lidar com a crise de refugiados – mais de um milhão de imigrantes chegaram à Alemanha no ano passado.
Em uma cúpula no início desta semana, ela deixou vários líderes europeus alarmados ao apostar em um rascunho de acordo de última hora com Ancara para frear a onda imigratória e exigir que estes apoiassem a iniciativa.
Mas Merkel, cujas influência e reputação para fechar acordos só cresceu durante seus 10 anos no poder, ainda precisa selar o pacto entre UE e Turquia com os líderes do bloco na próxima cúpula dos dias 17 e 18 de março.
"Se ela não conseguir impor sua abordagem então, não será capaz de evitar uma correção em sua visão sobre a política para os refugiados", afirmou
Oskar Niedermayer, cientista político da Universidade Livre de Berlim.
Tal mudança, que poderia incluir mais controle nas fronteiras alemãs, seria danosa a Merkel, que deve buscar um quarto mandado em 2017.