(Reuters) - A força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) para a operação Lava Jato no Rio de Janeiro denunciou nesta quinta-feira 15 pessoas suspeitas de participação em uma organização criminosa que comandava esquema de corrupção para a construção da usina nuclear de Angra 3 por meio de fraudes em contratos da Eletronuclear com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix.
Entre os denunciados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros, estão ex-diretores da Eletronuclear, uma subsidiária da Eletrobras (SA:ELET3), e ex-executivos das duas construtoras, além de outros empresários que também fariam parte do esquema, informou o MPF em comunicado.
O ex-presidente da empresa Othon Luiz Pinheiro da Silva, que já é réu desde dezembro do ano passado no âmbito da investigação, não foi incluído na nova denúncia do MPF. No início deste mês, Pinheiro, que estava em prisão domiciliar, teve prisão decretada novamente como parte das investigações.
"Com o aprofundamento das investigações, constatou-se que o núcleo administrativo da organização criminosa não se compunha apenas pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz, mas também pelos gestores Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral, Messias José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani, todos agora denunciados pelo MPF", disse o Ministério Público em comunicado.
Segundo os investigadores, Pinheiro recebeu, entre outros repasses, pelo menos 12 milhões de reais em propina, enquanto os ex-diretores da Eletronuclear Luiz Soares e Edno Negrini receberam até 3,6 milhões de reais e os também ex-executivos da empresa Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani receberam até 2,4 milhões de reais.
As investigações envolvendo a Eletronuclear começaram no Paraná como parte dos inquéritos sobre o esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4) investigado pela operação Lava Jato, mas foram transferidas para o Rio de Janeiro por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com as investigações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, foi formado um cartel nas licitações de serviços de montagem da usina com envolvimento das empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, que teriam feito pagamento de propinas ao executivos da estatal.
Em dezembro do ano passado, a Justiça Federal do Rio acatou denúncia contra Pinheiro e mais 13 pessoas por acusações de corrupção e outros crimes relacionados a contratos da usina de Angra 3.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)