Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e mais 13 pessoas foram denunciadas criminalmente nesta quarta-feira pela força-tarefa do Ministério Público Federal em Brasília por envolvimento na operação Zelotes, segundo a assessoria de imprensa do órgão.
Os acusados vão responder pelos crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa tributária e lavagem de dinheiro.
A denúncia refere-se ao julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) de autuações aplicadas a uma empresa de um amigo do ex-ministro, no valor de 57 milhões de reais.
As investigações revelaram que houve manipulação da composição e funcionamento do Conselho Superior de Recursos Fiscais, órgão do Carf, para favorecimento indevido ao grupo comercial e auferimento de vantagens ilícitas dos denunciados.
Mantega e o então presidente do conselho, Otacílio Cartaxo, patrocinaram direta e indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, ao respaldarem os nomes indicados pela organização criminosa, segundo a denúncia, que traz como provas intensa troca de e-mails entre os integrantes do esquema com linguagem cifrada sobre a indicação dos nomes para ocuparem os cargos estratégicos do conselho.
Essa atuação garantiu a anistia da autuação aplicada.
Procurado, o advogado de Mantega, Fábio Tofic, não retornou os contatos da reportagem para comentar a acusação criminal. A reportagem não localizou Otacílio Cartaxo para falar sobre a acusação.
No início do mês passado, a Justiça Federal de Brasília rejeitou um acordo proposto por Mantega para evitar que ele pudesse ser preso preventivamente.
Ele propôs atuar como uma espécie de colaborador das investigações em outra operação, a Bullish --que apura suspeitas de irregularidades em negócios bilionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com empresas. A blindagem penal, se valesse, só valeria para as apurações da Bullish.