Por John Whitesides
(Reuters) - O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que voltou a fazer campanha na quinta-feira pela primeira vez desde que deixou a Casa Branca, pediu aos eleitores que rejeitem uma "política de divisões" crescente que disse estar corroendo a democracia norte-americana.
Sem mencionar o atual presidente republicano, Donald Trump, pelo nome, Obama disse em eventos de campanha em Virgínia e Nova Jersey que os eleitores enviarão uma mensagem forte sobre o tipo de política que desejam apoiando os democratas nas eleições de 7 de novembro nos dois Estados.
"O que não podemos ter é a mesma e velha política de divisões que vimos tantas vezes antes, que já dura séculos", disse Obama a uma plateia entusiasmada em Newark, Nova Jersey, que entoava: "Mais quatro anos".
"Parte da política que vemos agora, pensávamos ter nos livrado dela. Isso são pessoas olhando 50 anos para trás", afirmou. "Estamos no século 21, não no século 19".
Mais tarde, em uma parada em Richmond, na Virgínia, Obama disse que a política moderna reflete cada vez menos os valores norte-americanos básicos da inclusão e que estão alienando as pessoas do processo.
"Vemos gente que está tentando irritar as pessoas deliberadamente, demonizar as pessoas que têm ideias diferentes, empolgar a base porque isso oferece uma vantagem tática de curto prazo. Às vezes isso frustra", disse Obama.
Muitos dos comentários de Obama pareceram cutucadas sutis em Trump, cujo estilo beligerante e retórica incendiária vêm provocando polêmicas frequentes e atiçado tensões políticas.
Obama fez suas colocações poucas horas depois de o também ex-presidente George W. Bush, um republicano, cutucar Trump indiretamente com um discurso em que repudiou o "bullying e o preconceito" e defendeu os imigrantes e o comércio.
As aparições de Obama têm por objetivo incentivar o comparecimento dos democratas às urnas na Virgínia e em Nova Jersey, os únicos dois Estados que realizam eleições para governador neste ano. Os democratas esperam que Obama consiga atrair parte do eleitorado jovem e de minorias que o ajudou em suas duas eleições para a Casa Branca.
As duas disputas estaduais serão observadas com atenção para que se descubra se os democratas podem transformar a resistência de movimentos populares ao presidente republicano Donald Trump em vitórias nas urnas depois de fracassarem em quatro eleições especiais acirradas para o Congresso neste ano.
Estas votações, e uma eleição especial que decidirá uma vaga no Senado do Alabama em dezembro, podem dar uma pista sobre o clima do país antes das eleições parlamentares do ano que vem, quando todas as 435 cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço dos 100 assentos do Senado serão disputados. Atualmente os republicanos controlam as duas Casas Legislativas.