Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - Um porta-voz de Barack Obama negou, neste sábado, as acusações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o ex-presidente grampeou-o, em outubro, durante as últimas semanas da campanha presidencial.
"Nem o presidente Obama e nem qualquer funcionário da Casa Branca ordenou vigilância a qualquer cidadão americano. Qualquer sugestão em contrário é simplesmente falsa", disse o porta-voz de Obama, Kevin Lewis, em um comunicado.
Trump sugeriu que Obama havia grampeado seus telefones, sem citar evidências, em uma série de tuítes no sábado de manhã.
"Quão baixo foi o presidente Obama ao grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral. Isso é Nixon/Watergate. Cara mau (ou doente)", disse Trump, em uma série de tuítes, em sua conta no Twitter, no início dia.
"Aposto que um bom advogado poderia construir um grande processo sobre o fato de que o presidente Obama estava grampeando meus telefones em outubro, às vésperas da eleição!"
Lewis afirmou que "uma regra fundamental da administração Obama era que a Casa Branca nunca interferiria com uma investigação independente liderada pelo Departamento de Justiça."
O comunicado levantou a possibilidade de que o grampo à campanha de Trump poderia ter sido ordenado por autoridades do Departamento de Justiça.
A Casa Branca não respondeu a um pedido para que Trump elaborasse as acusações.
A porta-voz de Trump disse que o presidente republicano está "em reuniões, fazendo ligações telefônicas e acertando umas bolas", em seu campo de golfe, em West Palm Beach.
Mais cedo, o ex-conselheiro de Obama, Ben Rhodes, negou veementemente as alegações de Trump.
"Nenhum presidente pode ordenar um grampo. Essas restrições foram colocadas para proteger os cidadãos de pessoas como você", escreveu Rhodes, no Twitter.
Em um de seus tuítes, Trump disse que o suposto grampo aconteceu na Trump Tower, prédio de escritórios e apartamentos, em Nova York, mas "nada foi encontrado".
A administração Trump tem sofrido pressões do FBI e de investigações do Congresso sobre contatos entre membros de sua campanha e autoridades da Rússia, durante a campanha.
Membros do Congresso disseram que as alegações de Trump exigem investigação ou explicação.
O deputado Adam Schiff, principal democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, classificou a afirmação de Trump de "uma alegação espectacularmente imprudente".
"Se há algo mau ou doente acontecendo, é a disposição do chefe-executivo da nação para fazer as acusações mais extravagantes e destrutivas sem fornecer um traço de evidências para apoiá-las", disse Schiff.
O senador Lindsey Graham, um republicano da Carolina do Sul, disse que não tem conhecimento de nenhum grampo, mas "está muito preocupado que nosso presidente está sugerindo que o ex-presidente fez algo ilegal. Eu ficaria (também) muito preocupado se, de fato, a administração Obama foi capaz de obter um mandado legal para as atividades de campanha de Trump".
Graham disse que é seu trabalho "chegar ao fundo disso, eu prometo que vou."