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PERFIL-Artífice do impeachment e agora cassado, Cunha é conhecido por cair atirando

Publicado 13.09.2016, 00:35
© Reuters.  PERFIL-Artífice do impeachment e agora cassado, Cunha é conhecido por cair atirando

Por Eduardo Simões

SÃO PAULO (Reuters) - Responsável pela decisão que deu início ao processo de impeachment que culminou com a destituição da agora ex-presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que na segunda-feira também sentiu o gosto de ter o mandato cassado, é conhecido por cair atirando contra seus adversários e até contra aqueles que julga que poderiam tê-lo salvado.

Conhecido por ser um parlamentar polêmico antes mesmo de ser eleito à presidência da Câmara em fevereiro de 2015, Cunha tornou-se um antípoda de Dilma ainda quando era líder da bancada de deputados do PMDB, em 2014, quando liderou o chamado "centrão" que impôs derrotas à petista e lhe garantiu uma vitória esmagadora, ainda no primeiro turno, na disputa pela presidência da Câmara, contrariando o Palácio do Planalto.

No comando da Casa, no entanto, o comportamento de Cunha, muitas vezes agressivo e, para críticos, até autoritário quando contrariado acabou fazendo com que colecionasse inimigos até mesmo entre os que outrora foram seus aliados.

Em um desses casos, Cunha se desentendeu com o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), a quem entregou a relatoria da comissão que elaborou uma proposta de reforma política. Ele não gostou do trabalho feito pelo aliado, chegando a apontar "falta de inteligência política" em Castro. Cunha acabou por descartar o documento elaborado pelo relator ao votar a reforma política no plenário da Câmara.

O período de Cunha também ficou marcado pelas denúncias de irregularidades contra o parlamentar e pela forma como Cunha, que é evangélico da Assembleia de Deus, não dava a outra face a seus adversários e subia o tom sempre que atacado.

Foi em um movimento como esse que rompeu publicamente com o governo Dilma, em julho de 2015, quando reagiu a uma acusação feita contra ele por um delator da operação Lava Jato afirmando ser alvo de perseguição elaborada por um "bando de aloprados" instalado no Palácio do Planalto.

À época, declarou guerra pública ao PT, a quem passou a criticar frequentemente em suas entrevistas quase diárias aos jornalistas que cobrem a Câmara dos Deputados.

"O PT é o meu adversário e todos sabem. O PT pedindo a minha destruição só me dá alegria, porque se pedisse a minha permanência, talvez eu tivesse errado", disse o deputado à época.

Também reagiu disparando contra seus adversários quando o PT anunciou em dezembro do ano passado que seus membros do Conselho de Ética na Câmara anunciaram que votariam de forma favorável ao processo que culminou na segunda-feira com sua cassação.

No mesmo dia do anúncio, Cunha aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment contra Dilma, deflagrando o processo que, nove meses depois, culminaria com a cassação do mandato da petista.

"O embasamento disso (aceitação do pedido de abertura de processo de impeachment) é única e exclusivamente de natureza técnica, e a juízo do presidente da Câmara é única e exclusivamente de autorizar a abertura, não o de proferir o seu juízo de mérito", disse Cunha a jornalistas, buscando afastar a ideia de que retaliou os petistas pela decisão de não apoiá-lo.

MANOBRAS PROTELATÓRIAS

O processo contra Cunha no Conselho de Ética foi marcado por uma série de manobras, que fizeram com que a tramitação de arrastasse, e pelos constantes ataques do agora ex-deputado ao presidente do colegiado José Carlos Araújo (PR-BA).

Foi marcado também por uma série de ações no Supremo Tribunal Federal, tanto da defesa de Cunha quando de seus adversários. Em uma delas, Cunha acabou afastado da presidência da Câmara em maio. Dois meses depois, o então parlamentar renunciou ao comando da Câmara, alegando que a Casa estava "acéfala" e atacando um outro ex-aliado, o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).

Na trajetória iniciada com sua eleição para o comando da Câmara até sua cassação, Cunha também viu seu nome envolvido por várias vezes na operação Lava Jato, tornando-se réu em duas ações penais no STF.

Agora sem mandato e sem prerrogativa de foro junto ao Supremo, Cunha deverá ficar sob jurisdição do juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.

Resta saber se reagirá como tem feito nos últimos meses e se, atingido, reagirá disparando contra adversários e contra os que avalia que poderiam ajudá-lo e não o fizeram.

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