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PF conclui que irmãos Batista lucraram com informação privilegiada

Publicado 10.10.2017, 13:40
© Reuters. Empresário Joesley Batista, no aeroporto internacional de Brasília
JBSS3
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SÃO PAULO (Reuters) - A Polícia Federal informou nesta terça-feira que concluiu inquérito que investiga os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da processadora de carne JBS (SA:JBSS3), por uso de informações privilegiadas e manipulação de mercado.

O inquérito apurou se os irmãos Batista se posicionaram no mercado sabendo que a divulgação do conteúdo de suas próprias delações premiadas e de executivos da holding J&F Investimentos, envolvendo o presidente da República, mexeriam com os mercados brasileiros. As informações vieram à tona em meados de maio, levando a um forte recuo dos preços de ativos brasileiros.

"Eles tinham informações bombásticas, com um potencial de impacto relevante no mercado... Todos os agentes financeiros que tivessem acesso àquela informação se posicionariam no mercado", disse o delegado Edson Garutti, em entrevista à Globonews, acrescentando que eles sabiam que essas informações eram relevantes e de impacto.

As conclusões da Polícia Federal foram entregues na véspera ao Ministério Público Federal, que poderá apresentar denúncia, pedir novas investigações ou arquivar o caso, afirmou a PF em comunicado à imprensa nesta terça-feira. Ambos estão presos.

"Antes que as informações viessem a público, eles (irmãos Batista) se posicionaram no mercado financeiro com base nessas informações impactantes e aí quando as informações efetivamente vieram a público, eles auferiram lucro", afirmou o delegado na entrevista à emissora.

Joesley e Wesley Batista, que tiveram pedido de liberdade negado no final de setembro pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negam terem cometido qualquer irregularidade no mercado financeiro.

A JBS afirmou em comunicado à imprensa que não teve acesso ao relatório da PF e reiterou que "as operações de recompra de ações e derivativos cambiais em questão foram realizadas de acordo com perfil e histórico da companhia que envolvem operações dessa natureza".

A companhia, dona de marcas como Friboi, Swift e Seara, acrescentou que "tais movimentações estão alinhadas à política de gestão de riscos e proteção financeira e seguem as leis que regulamentam tais transações".

A JBS citou ainda um estudo contratado pela companhia junto à Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) que afirma que "havia subsídios econômicos para a estratégia de derivativos cambiais adotados pela companhia e que recompras pela JBS este ano "são normais quando comparadas às do período imediatamente anterior".

© Reuters. Empresário Joesley Batista, no aeroporto internacional de Brasília

Segundo a PF, a empresa FB Participações, que é 100 por cento dos irmãos Batista e detinha uma fatia de 42,5 por cento da JBS, vendeu 42 milhões de ações da processadora de carne por aproximadamente 372 milhões de reais antes do vazamento da delação, enquanto a JBS posteriormente as recomprou no mercado. Essa movimentação permitiu aos executivos da FB Participações evitar um prejuízo potencial de 138 milhões de reais, de acordo com a PF.

A investigação também abrange a compra de cerca de 2 bilhões de dólares em contratos futuros de dólar ao preço de 3,11 reais pela JBS, segundo a PF. Apenas na véspera da divulgação do acordo de colaboração foram comprados 473 milhões de dólares.

"Em atuação conjunta com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a PF pôde trazer à investigação provas robustas de que a determinação das operações financeiras partiu dos irmãos Batista", afirmou a PF.

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