(Reuters) - A Polícia Federal cumpriu nesta quinta-feira mandados de busca e apreensão em nove escritórios de contabilidade que prestam serviços a empresas investigadas no âmbito da operação Zelotes, que apura denúncias de manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
De acordo com a Receita Federal, que faz parte de uma força-tarefa ao lado do Ministério Público Federal (MPF), da PF e da Corregedoria do Ministério da Fazenda, os escritórios que foram alvo da ação funcionam no Distrito Federal, São Paulo e Rio Grande do Sul.
"Com a medida, os investigadores esperam ter acesso a materiais que possam provar o envolvimento de 12 empresas e 11 pessoas físicas com o esquema fraudulento que lesou os cofres públicos com o não recolhimento de impostos", informou a Receita em comunicado.
Os investigadores responsáveis pelo caso analisam cerca de 70 julgamentos realizados pelo Carf no período de 2005 a 2013. Há suspeitas de que ex-conselheiros, servidores públicos e empresas de consultoria montaram um esquema para negociar o resultado desses julgamentos.
Segundo o MPF, os 74 julgamentos em análise somam 19,6 bilhões de reais que deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos, dos quais seria possível recuperar cerca de 5 bilhões de reais.
O Carf julga em segunda instância recursos administrativos fiscais relativos a tributos cobrados pela Receita Federal. De acordo com o MPF, os integrantes do esquema de corrupção escolhiam processos de grande valor que estavam na pauta do órgão, buscando, em seguida, oferecer uma solução conveniente às companhias em troca de dinheiro.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)