(Reuters) - A Polícia Federal realizou nesta terça-feira operações de buscas em três empresas que prestaram serviços à campanha à Presidência da República encabeçada pela ex-presidente Dilma Rousseff e que tinha como companheiro de chapa o atual presidente Michel Temer, informou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As operações foram determinadas pelo ministro Herman Benjamin, relator de um processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer na corte eleitoral.
Benjamin apontou em despacho no último dia 16 a necessidade de aprofundar as investigações sobre as movimentações financeiras das empresas. As suspeitas são de que as companhias não têm capacidade operacional para prestar os serviços declarados e também envolvem o recebimento de elevados valores por pessoas físicas e jurídicas sem causa demonstrada.
"Além das operações de busca, o despacho do ministro autoriza a quebra de sigilo fiscal de diversas empresas e pessoas que demonstraram maior indícios de irregularidades nos gastos eleitorais. O nome dessas empresas e pessoas, no entanto, foi mantido em sigilo", informou o TSE em áudio divulgado em seu site.
O processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder político e econômico foi movido pelo PSDB, do candidato derrotado por Dilma em 2014, senador Aécio Neves (MG), atualmente um aliado de Temer.
Ao ser questionado se estava preocupado com a ação da PF, o presidente Temer disse que não há "nenhuma preocupação".
"Faz parte da investigação. Isso é natural, não há nenhuma irregularidade nisso. A investigação segue adiante com depoimentos, perícias, enfim, fatos como este que visam exatamente a instruir o processo que está no Tribunal Superior", afirmou Temer a jornalistas em Maceió.
A campanha de Dilma nega quaisquer irregularidades na campanha, suspeita de ter sido abastecido com recursos de propina do esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4). Os advogados de Temer pediram ao TSE que suas contas de campanha sejam analisadas separadamente das da petista, que deixou o governo no final de agosto após ter o mandato cassado em um processo de impeachment.
Uma eventual decisão do TSE de cassar a chapa vencedora da eleição de 2014 pode resultar na perda de mandato de Temer e, como não há mais tempo hábil para que o caso seja julgado pela Justiça Eleitoral ainda este ano, pode levar à eleição indireta para presidente da República a partir do ano que vem.
O presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse que seria "ideal" que o caso fosse julgado logo, mas reconheceu que a análise do processo pelo plenário da corte pode ser atrasado caso os acordos de delação premiada da Odebrecht na Lava Jato sejam considerados na ação.
Até o início de maio vencem os mandatos de dois ministros do TSE --Henrique Neves e Luciana Lóssio, ambos representantes da comunidade jurídica na corte. Cabe ao presidente nomear os substitutos, portanto, se o caso for analisado depois desse prazo, Temer poderá indicar os dois magistrados.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)