(Reuters) - A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira um fiscal agropecuário ex-superintendente do Ministério da Agricultura em Goiás acusado de apagar provas sobre o esquema criminoso descoberto pela operação Carne Fraca, que revelou fraudes em fornecimento de produtos alimentícios alterados ou adulterados com a participação de empresários e fiscais.
Francisco Carlos de Assis já havia sido alvo de mandado de condução coercitiva e busca e apreensão durante a primeira fase da Carne Fraca, deflagrada em março, mas não foi encontrado à época pela polícia.
Posteriormente, ele compareceu espontaneamente para prestar declarações à PF, mas conversas telefônicas interceptadas com autorização judicial flagraram o fiscal contando para sua namorada que havia picotado documentos e apagado conversas gravadas, de acordo com despacho da 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba que autorizou a prisão nesta quarta-feira.
"Tais fatos novos configuram, em tese, também o delito previsto da Lei 12.850/2013, por haver indícios de que está Francisco embaraçando a investigação de infrações penais envolvendo organização criminosa", afirmou o juiz federal Marcos Josegrei da Silva ao autorizar a segunda fase da Carne Fraca, chamada de Antídoto.
Além da prisão preventiva de Francisco de Assis, policiais federais cumpriram nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão em três endereços ligados a ele no Estado de Goiás, em busca de eventuais elementos de prova relacionados aos supostos crimes investigados.
O ex-superintendente do Ministério da Agricultura já é réu por ter participado do esquema de corrupção revelado pela Carne Fraca, acusado de receber benefícios e pagamentos de um articulador da empresa BRF (SA:BRFS3) a fim de evitar fiscalização ou até mesmo impedimento dos serviços de unidades da empresa em Goiás.
Uma das unidades da BRF em que Francisco de Assis teria atuado para impedir a suspensão da habilitação foi a de Mineiros, em Goiás, que por fim foi fechada quando da deflagração da Carne Fraca, sendo posteriormente reaberta.
Procurada pela Reuters, a BRF disse que não comentaria a ação da PF desta quarta-feira.
O Ministério Público do Paraná já apresentou denúncia à Justiça Federal no Estado contra 60 envolvidos na operação Carne Fraca por crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, corrupção passiva privilegiada, prevaricação, concussão, violação de sigilo funcional, peculato, organização criminosa e advocacia administrativa.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Com reportagem adicional de Paula Arend Laier, em São Paulo)