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PF prende Joesley Batista e ex-ministros da Agricultura em novo desdobramento da Lava Jato

Publicado 09.11.2018, 15:38
Atualizado 09.11.2018, 15:40
© Reuters. Empresário Joesley Batista ao ser preso pela Polícia Federal
JBSS3
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Por Pedro Fonseca e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o empresário Joesley Batista, um dos controladores da JBS (SA:JBSS3), e os ex-ministros Antonio Andrade e Neri Geller em um desdobramento da operação Lava Jato que investiga uma suposta organização criminosa que atuava no Ministério da Agricultura e na Câmara dos Deputados com pagamento de propina a agentes públicos e políticos.

As propinas pagas aos agentes públicos e políticos no âmbito do esquema foram estimadas em mais de 22 milhões de reais, de acordo com a Receita Federal, que participa da investigação ao lado da PF.

A prisão de Joesley, que já havia sido detido em setembro do ano passado no âmbito da Lava Jato acusado de omitir informações de acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República, ocorreu na casa do executivo em São Paulo.

O advogado do empresárioo, André Callegari, disse em nota que "causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração". O advogado ressaltou que a prisão é temporária e que o empresário vai prestar todos os esclarecimentos.

Em comunicado sem citar os nomes dos alvos da operação, a Polícia Federal disse que a ação visa cumprir 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Além de Joesley, também foi preso o executivo da holding J&F Ricardo Saud, que também fora preso no ano passado acusado de romper o acordo de delação premiada. Os dois estavam em liberdade desde março, quando tiveram a prisão revogada pelo Justiça.

"Durante as apurações, houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado --inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF-- teriam praticado atos de obstrução de Justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos", disse a PF em nota oficial.

Os executivos foram responsáveis pelo mais polêmico acordo de colaboração na gestão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que envolveu diversos políticos e culminou em duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer.

EX-MINISTROS DA AGRICULTURA

Também foram presos na operação desta sexta-feira o vice-governador de Minas Gerais e ex-ministro da Agricultura Antonio Andrade (MDB) e o deputado federal eleito Neri Geller (PP-MT), que também foi ministro da Agricultura, conforme lista de presos confirmada pela Reuters por uma fonte com acesso à decisão do TRF-1.

Procurados pela Reuters, representantes de Andrade e de Geller não estavam disponíveis de imediato para comentar.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema investigado consistia no pagamento de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura (Mapa) em 2014 e 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

"A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no Mapa, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal", disse a PF em comunicado.

"Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado".

A chamada operação Capitu foi deflagrada com base na delação premiada do empresário Lúcio Bolonha Funaro, apontado pela PGR como operador do ex-presidente da Câmara do Deputados Eduardo Cunha, que se encontra preso também no âmbito da Lava Jato.

Segundo a PF, houve por parte do grupo empresarial investigado o financiamento ilegal de campanha de um deputado federal para a Presidência da Câmara em troca de atendimento dos interesses corporativos do grupo no Ministério da Agricultura.

© Reuters. Empresário Joesley Batista ao ser preso pela Polícia Federal

Duas grandes redes varejistas de Minas Gerais que não foram identificadas também participaram diretamente do esquema, por meio de seus controladores e diretores, de acordo com a Receita Federal.

(Reportagem adicional de Ana Mano, em São Paulo)

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