SÃO PAULO (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República denunciou nesta sexta-feira o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF) por racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs, segundo nota da PGR.
Caso seja condenado, Bolsonaro, que é pré-candidato à Presidência da República, poderá cumprir pena de um a três anos, além de um pagamento mínimo de 400 mil reais por danos morais coletivos.
O deputado lidera as pesquisas de intenção de voto quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 12 anos e um mês de prisão, não aparece como candidato.
A denúncia cita um evento em um clube do Rio de Janeiro em abril de 2017, quando Bolsonaro fez um discurso de incitação ao ódio e preconceito direcionado a diversos grupos, como culpar indígenas pela não construção de hidrelétricas em Roraima.
"O único rio lá que se poderia fazer três hidrelétricas, o pessoal encheu de índio. Hoje você não pode fazer uma hidrelétrica", disse o parlamentar.
No caso de comunidades quilombolas, Bolsonaro afirmou que "não fazem nada" e "nem para procriador eles servem mais".
"Eu fui em um quilombo em El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles."
Ao falar sobre mulheres, o deputado citou a própria família. "Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio uma mulher", disse ele na época.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma que vê "a conduta de Jair Bolsonaro como ilícita, inaceitável e severamente reprovável".
"O denunciado era capaz à época dos fatos, tinha consciência da ilicitude e dele se exigia conduta diversa, sobretudo por se tratar de um parlamentar", afirma Dodge.
A denúncia reúne ainda outros discursos do parlamentar contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.
A PGR também denunciou Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidenciável, por uma ameaça a uma jornalista.
(Reportagem de Laís Martins)