Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República vai analisar se pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) que seja aberta investigação contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, acusado pelo ex-ministro da Cultura de pressionar por decisão favorável a liberação de uma obra, visando seus interesses pessoais.
Mais cedo, a Polícia Federal informou em nota que o ex-ministro Marcelo Calero prestou depoimento sobre "fatos relacionados à concessão de parecer técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)" e que o depoimento foi encaminhado ao Supremo.
Geralmente a PF encaminha esse tipo de depoimento ao STF somente se os agentes federais considerarem que há indícios de crime a serem investigados. O Supremo, por sua vez, encaminha a documentação à PGR, a quem cabe analisar se pede ou não que o caso seja investigado.
No fim de semana, Calero, que pediu demissão do governo na última sexta-feira, disse ter sido pressionado por Geddel para interferir junto ao Iphan para liberar um empreendimento imobiliário na área histórica de Salvador, no qual o ministro da Secretaria de Governo havia comprado um apartamento.
Geddel reconheceu em entrevista à Reuters ter tratado do assunto com Calero, mas negou que tenha feito pressão sobre o então ministro da Cultura. No início da semana, o presidente Michel Temer anunciou, por meio do porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, que manterá Geddel no cargo.
Líderes da base aliada de Temer na Câmara dos Deputados divulgaram na quarta-feira uma nota de apoio a Geddel e os governistas também derrubaram um requerimento da oposição para convocar Geddel a dar explicações na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
Apesar disso, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu, por unanimidade, abrir processo para investigar a conduta do ministro, e um conselheiro do órgão que foi indicado por Geddel, José Saraiva (SA:SLED4) Filho, declarou-se impedido de atuar no caso.